segunda-feira, março 26, 2007

EVOÉ ALVIM




O Poeta Francisco Alvim começou em 1968. Nasceu em Araxá, Minas Gerais, em 1938. Além de poeta é também diplomata. Seu primeiro livro foi lançado quando o autor tinha 30 anos: Sol de Cegos, no ano espinhoso de 1968. De volta da França no início dos anos 70, passou a integrar movimentos de poesia independente (mais tarde conhecida como a chamada poesia marginal) ao lado de outros nomes notáveis como Chacal, Cacaso, Geraldo Carneiro.

Sua poesia, de filiação modernista, foi influenciada pelas obras de Carlos Drummond de Andrade e Manuel Bandeira, além de Oswald de Andrade, com quem tem em comum os versos sintéticos e bem-humorados. Aliás, a citação e a paródia de poetas modernistas, assim como o coloquialismo, são traços marcantes no trabalho dos chamados poetas marginais, da qual Alvim fez parte. Em 1974, ele lançou Passatempo, dentro da coleção Frenesi.

Teve poemas incluídos Antologia de Poesia Marginal, organizada por Eudoro Augusto e Bernardo Vilhena na revista Malasartes, em 1975, e em 26 Poetas Hoje, antologia ordenada por Heloísa Buarque de Hollanda em 1976.

Alvim ganhou o prêmio Jabuti de Poesia, concedido pela Câmara Brasileira do Livro, em 1982, por Passatempo e Outras Poesias, e em 1989 por Poesias Reunidas: 1968-1988.
Sua obra mais recente é Elefante, de 2000.

Não há muito, a editora Cosac&Naif editou seus poemas numa edição de luxo (assim como fez com outros autores dessa geração) dando um panorama geral e talvez definitivo da sua produção poética ao longo de 30 anos. Poemas de 1968 até 2000.

Francisco Alvim pertence ao primeiro time do que veio a ser a equipe de frente do movimento de poesia a margem dos anos setenta. As primeiras edições, os primeiros trabalhos publicados que caracterizaram a produção dessa época, teve Alvim como um dos primeiros representantes.
Sua dicção poética também manteve-se firme e coerente com a proposta defendida pelos poetas marginais: como a ironia, a livre exposição de forma, a brevidade, o desbunde linguístico, numa volta radical as primeiras propostas modernistas de Oswald.

Francisco Alvim é redescoberto nessa nova antologia, ou não redescoberto, mas trazido a tona com sua obra fundamental para entender a variadade de estilos que caracterizou a poesia Brasil anos 70. Das várias vozes, de todos os quase-poemas e dos poetas que permaneceram daquela geração, Alvim é figura de destaque.

domingo, março 25, 2007

FRANCISCO ALVIM

MANHÃ DE SOL com AZULEJOS

Tudo se veste da cor de teu vestido azul

Tudo - menos a dona do vestido:
meus olhos te passeiam nua
pela grama do campo de golfe
Uma curva e eis-nos diante de meu coração
Não amiga não temas meu coração;

é apenas um chapéu surrado
que humildemente estendo
para colher um pouco de tua alegria
de tua graça distraída de teu dia

1968 - Sol dos cegos