quarta-feira, julho 02, 2014

O RETORNO DO ANJO TORTO

Texto de Diego Petrarca em ZH sobre a biografia do poeta da Geleia Geral Torquato Neto, relançada por Toninho Vaz seguido de uma entrevista breve com o autor. O texto também foi publicado nos jornais Diário Catarinense, Diário de Santa Maria e o Pioneiro. O anjo torto de volta às prateleiras. 
ZH http://is.gd/imrRIs .  Diário Catarinense:  http://is.gd/2Vk45f




segunda-feira, junho 30, 2014

POEMA SARGAÇO NA VOZ DE BETHÂNIA

Maria Bethânia lê o poema Sargaços, dedicado a ela, de Waly Salomão dentro da sua Poesia Total.




Sargaços - Waly Salomão

Criar é não se adequar à vida como ela é,
Nem tampouco se grudar às lembranças pretéritas
Que não sobrenadam mais.
Nem ancorar à beira-cais estagnado,
Nem malhar a batida bigorna à beira-mágoa.

Nascer não é antes, não é ficar a ver navios,
Nascer é depois, é nadar após se afundar e se afogar.
Braçadas e mais braçadas até perder o fôlego
(Sargaços ofegam o peito opresso),
Bombear gás do tanque de reserva localizado em algum ponto
Do corpo
E não parar de nadar,
Nem que se morra na praia antes de alcançar o mar.

Plasmar
   bancos de areias, recifes de corais, ilhas, arquipélagos, baías,
                                                                    espumas e salitres,
                                                                      ondas e maresias.
Mar de sargaços

Nadar, nadar, nadar e inventar a viagem, o mapa,
                                                        o astrolábio de sete faces,
O zumbido dos ventos em redemoinho, o leme, as velas, as cordas,
Os ferros, o júbilo e o luto.
Encasquetar-se na captura da canção que inventa Orfeu
Ou daquela outra que conduz ao mar absoluto.

 Só e outros poemas
                    Soledades
                              Solitude, récif, étoile.

Através dos anéis escancarados pelos velhos horizontes
Parir,
          desvelar,
                          desocultar novos horizontes. 
Mamar o leite primevo, o colostro, da Via Láctea.
E, mormente,
                     remar contra a maré numa canoa furada
Somente
              para martelar um padrão estóico-tresloucado
De desaceitar o naufrágio.
Criar é se desacostumar do fado fixo
E ser arbitrário.
                                                       Sendo os remos imateriais

(Remos figurados no ar pelos círculos das palavras.)
O material jornalístico produzido pelo Estadão é protegido por lei. Para compartilhar este conteúdo, utilize o link:http://cultura.estadao.com.br/noticias/geral,leia-poemas-e-letras-de-musica-de-waly-salomao,1170828
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