sexta-feira, janeiro 06, 2012

DATILOSCRITO DE RENATO RUSSO




A peça datiloscrita acima é um material raro do poeta da canção Renato Russo, disponível no site oficial do compositor entre outras peças raras do processo de produção e criação do líder da Legião Urbana, confira o link http://is.gd/aa6TSx. Certamente esse conteúdo é do período do Trovador Solitário, entre fins dos anos 70 e começo dos 80. Percebe-se logo na primeira estrofe do poema a frase clássica da canção Tempo Perdido, do disco Dois, de 1986, cuja primeira versão e esboço é de 1977. Na última estrofe, dois versos presentes na canção Uma Outra Estação, do disco homônimo e póstumo, de 1997, gravado nas sessões do disco A tempestade, de 1996. A peça datilografada é um poema em sua unidade, não virou canção, talvez você parte de uma composição para ser musicada, mas ficou como está. Uma peça rara poética de Renato Russo.

Interessante perceber que o original revela o processo composicional de Renato, algo fragmentado, peças e versos presentes em canções da Legião com períodos bem distintos, mas formando um texto independente. Pode-se também registrar que o processo criativo de Renato Russo eram anotações, pedaços editados, que formariam textos, poemas e até canções. A frase e o verso tratados como matérias pertinentes para mais de uma composição, em versões diferentes. Por exemplo, o verso "Ninguém vai me dizer o que sentir" está presente em duas canções diferentes: Soul Parsifal (1996) e Hoje (1993) gravada por Leila Pinheiro e resgatada com a voz de Renato Russo no disco Presente (2003), com material raro.

A descoberta desses textos que refletem partes das canções, mas ainda sim um poema novo, com força na página, sem o auxílio melódico, resgata a poesia de Renato Russo sempre viva, e para além da canção.