sábado, novembro 26, 2005

MANUSCRITOS


Manuscrito da letra de Os barcos, escrita por Renato Russo para o álbum O Descobrimento do Brasil, de 1993, com direiro a dia, hora e lugar. Renato Russo é vivo!

quarta-feira, novembro 23, 2005

HAICAIS MANUSCRITOS



Haicais manuscritos de Paulo Leminski, do livro Winterwerno. E um inédito feito com Alice Ruiz, que respondeu num outro haicai. Pequenas iluminações impressas.

REVISTA MTV

A Revista MTV 54 traz uma matéria de uma página com o poeta Diego Petrarca sobre seu trabalho com poesia. Além de trazer a Pitty na capa. Olham na banca!

PARALELAS


Alice Ruiz e a cantora Alzira Espíndola se juntaram para lançar o disco que junta e anuncia uma nova parceria dessas duas mulheres. Para Alice, poeta e haicaísta, não é novidade tansformar seus poemas em canções. Arnaldo Antunes e Itamar Assunção, por exemplo, já musicaram alguns de deus poemas. Um de seus livros de poesia chama-se Poesia para Tocar no rádio, isto é, a relação da autora com a música barsileira não é de agora, ela própria pertence a uma geração de poetas, como Paulo Leminski, com quem foi casada, que viu a poesia migrar das páginas livrescas para as canções, para as massas, para a publicidade e afins. Alice construiu isso também. Paralelas é um acerto poético/sonoro. O disco, independente, outro mérito, foi lançado pelo selo de Zelia Duncan, que participa do disco com Arnaldo Antunes. Pude assistir uma apresentação delas, no lançamento do cd, na Feira do Livro, que contou com a participação luxuosa de Estrela Leminski, filha de Alice e Paulo Leminski, na percussão. As canções são intercaladas com a leitura de alice dos poemas, uma espetáculo que me emocionou, por razões tantas, sobretudo por poder rever Alice e Estrela ali, juntas, perto de mim, falando comigo, é um pouco como se Leminski estivesse ali por perto, nos observando. Sai dali extasiado e certo de que a poesia cresce e permanece em mim, o que me segura. Alice Ruiz e Alzira Espíndola em

Paralelas:


Amor que se dedica
amor que não se explica
até quando se vai
parece que ainda fica
olhando você sair
sabendo que vai cair
deixar que saia
deixar que caia
por mais que vá sofrer

é o jeito de aprender
e o teu caminho só você vai percorrer
se você vence, eu venço
se você perde, eu perco
e nada posso fazer
só deixar você viver

TOMIE OHTAKE

Poema de Diego C. sobre imagem de Tomie Ohtake.


Em 1973/74, a artista plástica Tomie Ohtake, tem início uma fase de pinturas construídas com forte acento geométrico em cima de perfeitas linhas curvas que circunscrevem círculos, arcos ou partes de esferas. Estas formas, que agora se expressam plenamente, estão colocadas sob uma superfície homogênea que quase esconde os movimentos do pincel. As telas emanam um profundo silêncio e uma grandiloqüência cósmica. Após 1986, deixando de utilizar a tinta a óleo e passando para a acrílica, Tomie irá retomar o conteúdo orgânico e o movimento gestual que estiveram presentes na década de 60. A pintura que ela passará a fazer desde então, até os dias de hoje, caracteriza-se pela presença de formas circulares ou elípticas de contornos irregulares, uso de cores de intensa luminosidade, rastros de largos gestos ou manchas e a incorporação do acaso que aparece circunstancialmente na tela durante o processo de feitura da obra.

Em 1998, foi lançado o álbum YU-GEN, com poemas de Haroldo de Campos sobre gravuras em metal de Tomie Ohtake. www.institutotomieohtake.org.br/

CAIO F.



A editora Agir acaba de lançar uma antologia do escritor gaúcho Caio Fernando Abreu, Caio 3D o Essencial da década de 1980. Antes desse, a mesma coleção lançou o Essencial da década de 70, reunindo os melhores contos de Caio desde seu primeiro livro, Inventário do Irremediável, escrito no fim dos anos 60, passando pelo O Ovo Apunhalado, de 1975, Pedras de Calcutá, de 1977, além de um conto inédito lançado numa antologia de 1976. O Essencial da década de 80, reúne os contos de Morangos Mofados, de 1982, Os Dragões não conhecem o paraíso, de 1988, além de escritos inéditos, cartas, poemas. Caio ainda lançou em 1983 três novelas, Triângulo das Águas, sobre os signos de água, um belo e poético trabalho. Reunir o melhor de Caio, se é que existe esse melhor, afinal em Caio F. tudo é o melhor - mas não o melhor de si, porque o melhor de si era ele mesmo - é uma forma de reafirmar a importância desse autor de estilo definido, lírico, violento, que expressou como poucos a atmosfera das cidades urbanas, do sentimento e das relações humanas entre a paranóia das metrópoles, assim como os anseios da sua geração. Reler Caio é purificar-se de tudo. Caio escreveu teatro, crônicas (Pequenas Epifanias) e resenhas de livros muitos. E epifania é a palavra ideal para traduizr o que a leitura de seus textos nos instauram, são revelações divinas da essência do humano. Cada leitura de Caio é conhecer Caio. Para mim foi a descoberta de um grande escritor que percorreu minha adolescência, e percorre. E percorrerá. Na feira do livro de 1995 pude vê-lo de perto, trocar poucas palavras e autografar dois livros. Queria muito mais. Caio é o escritor-chave da minha formação. Natural que seja assim. E é o anjo que eu rezo toda vez que vou escrever alguma coisa.

terça-feira, novembro 22, 2005

ONQOTÔ

Onqotô é o nome da trilha que Caetano Veloso e Jose Miguel Wisnik compuseram em 2003 para os 30 anos do grupo de dança mineiro Corpo. O ano de 2004 serviu para a montagem da coreografia a partir das canções novas feita pela dupla. Caetano compôs sozinho Madre Deus, interpretada por Wisnik, que compôs sozinho a canção Pesar do Mundo, interpretada pelos dois. A canção-emblema da trilha, chamada Big bang bang, foi composta em parceria, letra e música, e foi de onde partiu todo o conceito do espetáculo idealizado por Wisnik e Caetano. A partir da frase de Nelson Rodrigues: O fla-flu começou 40 minutos antes do nada. Daí Caetano puxou a frase que abre a canção: se tudo começou no big-bang/ só tinha que acabar no big mac. Uma busca pela origem de tudo. E Caetano canta a faixa-núcleo como quem lesse uma letra de rap, a letra cita a ruídos verbais e inclusive a frase de Nelson Rodrigues. Exatamente a partir desse conceito, monta-se a trilha de Oqontô, reprodução do mineirês de Onde é que eu estou. O neologismo é inevitável. Caetano ainda musicou a última estrofe do canto v de Os Lusíadas e Wisnik, põe melodia em Mortal Loucura, do poeta baiano arcadista Gregório de Mattos. Referências, poemas, tudo parece amalgamar-se a coreografia do grupo. Cada gesto, ato, parece refletir, parece responder a cada sílaba de cada canção na hora em que se vê o espetáculo. Obviamente é possível ouvir o disco sem estar diante da dança, mas presenciar cada canção norteando as movimentações dos bailarinos é uma catarse maior, indispensável. O grupo corpo agora percorre a europa com o espetáculo. Para Caetano é uma coisa nova, ele nunva havia antes composto para dança, Wisnik já dividiu a tarefa para o mesmo grupo com Tom Zé. Oqontô, quando se vê/ouve, expulsa o universo desse universo, porque ali tudo é UM.


Se tudo começou no big-bang
só tinha que acabar no big-mac
mas se a partida já estava começada
a 40 minutos antes do nada
então
é maracanã lotado de pulsão
demais
e
o
sopro-divino criador
cantou
faça-se a luz
flatho-flou
fiat-lux
pstyx
e
expulsou
o universo
do universo
um

NAVILOUCA


Os poetas Torquato Neto e Wally Salomão lançaram em 1974 a única edição de Navilouca, revista de poesia que, infelizmente, o grande Torquato não pode ver impressa. Desde 1972, quando ela começou a ganhar forma, já se esperava uma obra que ficou como um marco da produção contracultural da época, uma revista que corria por fora dentro do circuito de poetas-inventores que surgiram entre os anos 60 e 70. A edição conta ainda com a participação luxuosa da tríade concretista, que de algum modo apadrinhou a geração desbundada da poeisa brasileira que corria muito pela canção nos anos de chumbo. Uma revista de arte, arte poética e gráfica. Almanaque dos Aqualoucos, ali Torquato escrevia em letras gigantes: O poeta é a mãe das artes e das manhas em geral. Uma obra-farol, registro de uma época em que a poesia brasileira tomava novo corpo, outros rumos. A edição é raríssima. Mas eterna.

VIA CINEMASCOPE



Via Cinemascope é um livro independente do poeta Diego  Petrarca, concebido em 2004 e lançado nos primeiros dias de 2005, pela Fábrica de Livros. A capa é da artista plástica Camila Schenkel. Via Cinemascope traz poemas breves, longos, sílabas cortadas espalhadas pela página, textos sobre imagens, poemafotos. Existe um apelo visual na relação palavra imagens em preto e branco que pode parecer interessante. A definição de uma forma? o esboço de uma forma? leia, veja, ou jogue fora nas confusão das prateleiras. Antes desse, o autor lançou Mesmo, 2003, um livro-xérox em 2002, Banda, além de 2 antologias por editora convencional e um de contos e crônicas em 1998, chamado Nova Múisca Nossa. Via Cinemascope parece estar seguro de um estilo, de uma forma de expressão com a linguagem que se relaciona com o não verbal para justamente adensar o verbo, a palavra, solta pela página, desmontada em letras. Um livro para ler/ver e talvez ouvir, porque existem poemas em que o ritmo é gritante, e o som é vivo. Está a venda na Ventura Livros (Marechal Floriano 439) e na Banca da República, somente em Porto Alegre. Matriz, poema do livro:


Pudesse ser
sujeito periférico
resgatando a bagunça
dos critérios
Quisesse ser
segredo histérico
descartando lances
de mistério
Mas apenas permanece
algum longo descuidado
jeito sério

POLANAISES


O poeta Paulo Leminski, antes de lançar seu calhamaço explosivo Catatau, em 1975, lançou 2 livros de poemas independentes, feitos na gráfica da agência ZAP onde trabalhava. Em 1980, 25 anos atrás, saia Polanaises e Não Fosse Isso e Era Menos Não Fosse Tanto e Era Quase. Essas edições, de poucas tiragens, são itens de colecionador, raridades do poeta paranaense. Essas obras guardam uma luz particular, pois, além de serem os primeiros livros de poesia de Leminski, jamais foram reeditados e salientam a atitude herdada dos poetas marginais dos anos 70, como Ana Crsitina Cesar, Chacal, Cacaso, regis Bonviccino, etc... de lançar suas obras do próprio punho, do bolso mesmo. Leminski fez o mesmo com Catatau, porém, esse teve algumas reedições por editora convencional, mas Polanaises e Não Fosse Isso existiram para serem assim, a margem, e com certeza são um dos mais importantes livros de poema de Leminski. O poeta teve, do seu modo, sua relação com a litertaura alternativa, ambiente literário que ele alçou voô e foi uma das referências, apesar se sempre estar a margem dessa mesma margem, sem pertencer ou querer pertencer a movimento algum. Os 25 anos desses 2 livros fazem a poesia de Leminski nunca ser apagada. Como nunca foi nem será.

VENENO ANTIMONOTONIA


O que será que que João Cabral e Cazuza tem em comum? ou Ferreira Gullar e Adriana Calcanhotto? Murilo Mendes e Caetano Veloso? Manuel Bandeira e Aldir Blanc. Pois aos olhos do poeta e oganizador da antologia Veneno Antimonotonia, esses nomes tem em comum a poesia. E eu endosso. Há muito se sabe que a poesia migrou das páginas dos livros para as rádios, para a canção, para um público de massa que ouve poemas pelas ondas sonoras. A poesia da canção é poesia tanto quanto a poesia do papel. Essa antologia parece reafirmar essa certeza e reúne poetas para um único objetivo: a escrita contra o tédio. O verso de Cazuza dá título ao material. Todos poetas querem bradar contra o tédio e esse foi o critério do organizador, poemas que expresssassem uma aversão ou uma resposta ao tédio. Os melhores poemas e canções contra o tédio. Nessa obra Drummond convive com Chico Buarque que convive com Murilo Mendes que convive com Armando Freitas Filho. Uma seleção de se admirar e se alegrar, naturalmente.

E como dizia Bandeira: Eu tomo alegria!

segunda-feira, novembro 21, 2005

FOLHA EXPLICA CAETANO


A coleção Folha Explica traz Caetano no seu 68 número. O escritor Guilherme Wisnik enfrenta o desafio de apresentar Caetano Veloso, considerado uma das mais inexplicáveis personalidades brasileiras --não apenas por ser um artista polêmico e camaleônico, mas também por se tratar de alguém que não cansou de se auto-explicar ao longo dos seus 40 anos de vida artística. O livro é dividido nos capítulos: "Arestas Insuspeitas", "O Corpo Morto de Deus Vivo e Desnudo", "Acordes Dissonantes pelos Cinco Mil Alto-Falantes", "Transa qualquer coisa jóia, bicho", "Lançar Mundos no Mundo", além de uma discografia e cronologia da vida e obra do artista e sites e bibliografia para quem deseja aprofundar-se no assunto.

O MUNDO NÃO É CHATO


Caetano Veloso é um gênio. E genializa quem o cultiva como gênio. Chega nesse mês o novo livro dele. O Mundo Não é Chato, que reúne textos escritor ao longo das décadas. Cinema, literatura, música, tudo passa pelo olhar de Caetano. Organizado pelo poeta Eucanaã Ferraz, que em 2003 organiozu Letra Só (letras de música) recolhe artigos para revista, jornal, releases, contracapas, para formar um mosaico do pensamento de Caetano. O núcleo desse pensamento, segundo o prefácio do organizdor, é a posição política de Caetano sobre os assuntos que aborda. Não que ele discorra sobre política, mas o tom, a dicção, traz uma unidade de visão política sobre a cultura, sobre seu trabalho, sobre tudo. Uma das raridades do livro, são os textos que Caetano escreveu em Santo Amara, em 1961, quando esboçava um ofício de crítico de cinema, antes de ser um astro da mpb. Portanto, de 1961 a 2005, os escritos de Caetano passam por assuntos muito pertinentes com o que ele aborda nas suas canções. Os ensaios reunidos nesse livro, reafirmam a importância do Caetano Veloso pensador, uma referência, um farol para as gerações que o perseguem.

CÍCERO


Antonio Cícero é filósofo e poeta. No fim dos anos setenta começou a ter musicado seus poemas pela sua irmã, Marina Lima. Com ela Cícero fez inúmeras parcerias, algumas de grande sucesso nacional. Além disso, tem livros publicados. O Mundo Desde o fim é de 1991, texto de filosofia desenvolvido pelo autor ao longo dos anos. Mais tarde, em 1996, lançou o livro de poemas Guardar, e em 2002, A Cidade e os Livros. Agora Cícero volta com Finalidades Sem Fim, um livro de ensaios sobre filosofia, poesia, canção compilados ao longo das décadas. Uma mostra eficiente do desenvolvimento desse artista, do pensador Antonio Cícero, sempre claro, lúcido e coerente na apresentação de suas idéias, por mais complexas que estas se apresentem. O título vem de uma de suas letras, O Circo, já gravada por Maria Bethânia. E Cícero ainda anuncia um novo de poemas até fim desse ano. Aguardaremos.

SE

Se falasse

como quem desfalecesse

talvez não merecesse

a muda dicção

de quem calasse


se calasse

como quem não esclarece

talvez esfacelasse

o som da voz

de quem falasse

MAIS DO MESMO


MAIS DO MESMO