sábado, maio 03, 2014

BAMBUCILCOTECA

Mais uma edição do projeto Bambu Cicloteca (Cabaré do Verbo) no parque da redenção, mediação de Diego PetrarcaAndreia Laimer e as participações do Bando Hoburaco, nas intervenções com leitura. Agradecimento as pessoas que compartilharam histórias e colaboraram com a troca de livros. E aos bandoleiros Delma Gonçalves, João Alberto Luiz, Paulo Ohar e Bernadete Saidelles.








sexta-feira, maio 02, 2014

LADODENTRO ENTREVISTA - NICOLAS BEHR





O que empobrece o salto poético 
é não ter coragem de saltar.


Entrevista com o poeta Nicolas Behr. Ícone da poesia alternativa dos anos 70 e 80, tem na cidade de Brasília um dos signos da sua poética. O poeta desenvolve em sua poesia uma comunicação ágil, tal qual o melhor modernismo de 22. Os suportes da sua poesia vão além do livro e a habilidade do seu artesanato verbal faz a poesia e refletir o cotidiano. A poesia de Nicolas Behr é crônica em verso livre. Poemas visuais, discursivos, breves e ligeiros, são a identidade polifônica de um dos poetas mais importantes e sua geração.

Brasília é a incapacidade 
do contato afetivo 
entre a laje e o concreto

Nicolas Behr (Nikolaus von Behr) nasceu em Cuiabá, em 1958. Em 1977 lançou seu primeiro livrinho e  “ Iogurte com Farinha, em mimeógrafo, tendo vendido 8.000 exemplares de mão em mão. Em agosto de 1978, após ter escrito Grande Circular, Caroço de Goiaba e Chá com Porrada, foi preso e processado pelo DOPS por “ porte de material pornográfico”, sendo julgado e absolvido no ano seguinte. Até 1980, publicou ainda 10 livrinhos mimeografados. 

A partir desse ano passou a trabalhar como redator em agências de publicidade. Em 1982 ajudou a fundar o MOVE – Movimento Ecológico de Brasília, a primeira ONG ambientalista da Capital Federal. Em 1986 abandonou a publicidade para trabalhar na FUNATURA – Fundação Pró-Natureza – onde ficou até 1990, dedicando-se, desde então, profissionalmente, ao seu antigo hobby: produção de espécies nativas do cerrado. 

Voltou a publicar seus livros de poesia, com Porque Construí Braxília. É sócio- proprietário da Pau-Brasilia Viveiro Eco.loja, casado, desde 1986, com Alcina Ramalho e tem três filhos: Erik, Klaus e Max. Teve o seu perfil biográfico traçado pelo jornalista Carlos Marcelo no livro  Nicolas Behr – Eu Engoli Brasília, publicado em 2004. A jornalista Gilda Furiati defendeu tese de mestrado no Instituto de Letras da Universidade de Brasília em 2007 sob o título: Brasília na poesia de Nicolas Behr: idealização, utopia e crítica, editada em livro pela Editora UnB em 2012. 

Em 2008 seu livro Laranja Seleta – poesia escolhida – 1977 – 2007  pela editora Língua Geral, foi finalista do Prêmio Portugal Telecom de Literatura

http://www.nicolasbehr.com.br



Você é considerado um dos representantes da poesia marginal (no sentido da produção alternativa) dos anos 70. Você chegou a ter um diálogo com os poetas do Rio ou São Paulo, onde essa movimentação se convencionou?

Sim, havia muita troca, era um movimento forte, e se publicava muito. Livrinho de mimeógrafo era uma mania. E era, talvez pela primeira vez. No Brasil, era muito fácil e barato produzir um livro. Usávamos fotocópias também. E os livrinhos circulavam muito, era uma febre. E isso foi muito bom, pois criou novos públicos pra poesia, democratizou a poesia, desmistificou bastante a imagem do poeta, zerando a distancia entre poeta e público, pois os poetas começaram a vender seus livros, em bares, portas de cinema, filas de teatro.

A cidade de Brasília é um dos seus temas mais recorrentes, até que ponto Brasília é um signo poético?

Brasília é a minha obsessão, isso está bem claro. E é também uma cidade poeticamente virgem, se escreve pouco sobre Brasília. Ela é um signo poético pois como cidade artificial que foi (veja bem, que foi) a poesia tem aqui o papel de humanizar a maquete. Por outro lado é fácil escrever sobre Brasília pois, ao contrario de outras cidades brasileiras, muito mais antigas, não temos aqui a sombra dos grandes poetas. Por exemplo, pra escrever sobre Recife você tem Manuel Bandeira e João Cabral. São Paulo, Mario de Andrade. Porto Alegre, Quintana. Rio de Janeiro, Vinicius. Isso nos dá muito mais liberdade para criar, pois se tem todo um mundo pela frente.

 Como você observa o fato do poema enquanto gênero veiculado fora dos livros, mudando de suporte? 

Dessacralizar o livro. Democratizar a poesia. Desmistificar o poeta. Tudo isso é parte de um mesmo movimento: fazer a poesia chegar mais perto das pessoas, vista aqui como instrumento de felicidade, sem as amarras teóricas da literatura. Poesia pra ser feliz.

Você editava seus livros independente das editoras convencionais, fale dessa experiência.

Até hoje edito. Isso cria uma relação orgânica entre o autor e o livro. O objeto livro, que não precisa de eletricidade, tomada, programa, computador pra funcionar. O livro é daquelas invenções perfeitas. Como a roda. Você dá novos usos, mas não consegue aperfeiçoar a roda. Blog se deleta, livro não. Talvez o livro se torne uma raridade no futuro, como o vinil é hoje, mas não tenho medo do e.book. Que vira, com certeza. Sou mais poeta da pagina do que da tela. Viva o livro!

O despojamento da linguagem, via Modernismo de 22 - Oswald de Andrade, foi uma continuidade e resgate da poesia contemporânea. Mas a coloquialidade exagerada no discurso pode empobrecer o salto poético? 

Tudo que se repete demais cansa. Mas não existe limite para a criação poética. Mas é preciso sempre estar reinventando os signos, os significados, não cair na mesmice e dar saltos criativos. Não se cria nada do nada. A criação é sempre junção de dois ou mais elementos que vão resultar num terceiro ou quarto. Tudo depende das novas associações que são criadas, quanto mais inusitadas, melhor. O que empobrece o salto poético é não ter coragem de saltar.

Seu contato com as flores é usado na poesia? - no sentido de aproveitamento do léxico, do tratamento poético da linguagem científica, da botânica.

Meu ganha-pão é o comercio de plantas. Na verdade, tudo pode ser usado na poesia. E tudo existe para terminar em livro. É importante para o poeta ter contato com tudo: historia, musica, botânica, cinema... Tudo. Tudo amplia os horizontes poéticos. Sair do seu nicho, do seu ninho. Sair da sua casca. Do seu meio, do seu conforto. Procurar outros ares. Acredito nisso.

A geração mimeógrafo tende a considerar Torquato Neto com um de seus mentores, você mesmo o cita em seus textos manifestos da época, de que forma esse autor te influenciou de forma engajada (na causa alternativa) e poética ao mesmo tempo?

Torquato Neto foi e continua sendo importantíssimo para todos os poetas. Pela sua transparência, pela sua postura, pela sua poesia na primeira pessoa. Pessoal e intransferível. Uma porrada. Poeta precisa mais de porrada do que de elogio. “Um poeta não se faz com versos”. Isso pra gente foi uma diretriz. A atitude do poeta como parte do poema, mesmo sabendo que um dia o poema vai ter que se virar por si mesmo.

O livro Beije-me pode ser considerado poesia fotográfica? ou seja, não-verbal, mas carregada de sentido?

Beije-me é um sucesso, está na segunda edição. A cultura brasileira é mais visual do que literária. E muito musical. E todo mundo gosta mais de olhar fotografia do que ler poemas. São poemas visuais, então.

Quando você lê as teses de mestrado que saem sobre sua criação ou mesmo sobre o contexto histórico em que fez parte, elas normalmente acertam o alvo, você se reconhece enquanto autor nessas teses?

A academia complica. E muitas vezes erra. Complicando algo que o poeta escreveu da forma mais simples do mundo. O poema quer dizer aquilo que está escrito. E ai vem as teses pra tentar explicar algo que não precisa de explicação. Tá tudo ali. Ser objeto de teses de mestrado às vezes soa estranho, eu que venho de uma geração iconoclasta. Mas a tradição é feita de rupturas. A poesia da geração mimeografo foi uma ruptura, mesmo mamando nas tetas do modernismo oswaldiano.

Nicolas Behr é um dos mestres em textos curtos, característica típica da produção dos anos 70, a forma breve, a síntese, o instantâneo. E esses formatos são recorrentes nos Poemas no Ônibus e no Trem, o que pode ser dito sobre esses textos enquanto forma poética?

Vivemos um tempo sem tempo. Estamos fazendo concessões demais? Mas os tempos são mesmo ágeis, rápidos, fragmentado. E a poesia é sempre espelho Do  seu tempo.


segunda-feira, abril 28, 2014

ENTREVISTA POÉTICA 2014

Dia 12 de maio a primeira edição de 2014 da Entrevista Poética com Diego Petrarca e Lorenzo Ribas na Saraiva do Praia de Belas recebe o jornalista e escritor Juarez Fonseca.


LEIA NA CAMISA - MARÇO/ABRIL


Página: http://is.gd/O4ndoZ




A edição de março/abril do LEIA NA CAMISA aconteceu durante a intervenção literária nomeada de Bambucicloteca, dentro da primeira edição de 2014 do Projeto Cabaré do Verbo, na Casa de Cultura Mário Quintana. Agradecimentos aos colaboradores e aos fotógrafos Marcelo Monteiro, Josemar Albino, e as colaborações de Andréia Aguiar e Maria Elizabeth Knopf.