quinta-feira, maio 22, 2014

OFICINA SOBRE A ESCRITA DE QUADRAS



Finalização do módulo da Oficina Literária sobre a escrita de Quadras, na Livraria Sapere Aude, entre março e maio de 2014. Os cartazes/adesivos trazem impressos parte dessa produção. A turma foi composta por Bernadete Saidelles, Paulo Ohar, João Alberto Luiz, Silvia Preissler e Silvia Agnes.
Seguem algumas quadras produzidas em aula:


BERNARDO

Bernardo um garoto
De barriga muito cheia
É feliz! Humorado
Sempre pronto pra peleia.

(Silvia Pressler)

Olhos verdes, mar profundo
com carinho pra me dar
quando vejo, eu desbundo
ele é meu angorá

(Silvia Agnes)

Não gostava de conflitos
contava histórias
nervos aflitos
ainda nas memórias

(Paulo Ohar)

Um corpo embriagante
elegante e macio
que seja um bom amante
e me cause arrepio

(Bernadete Saidelles)

Um beijo patogênico
e um bafo antigênico
monstruosidade priápica
e abraço fisioterápico

(João Alberto Luiz)



TEXTOS NO BLOG DA SAPERE AUDE - QUADRAS PAULISTANAS




A livraria Sapere Aude apresenta em seu blog colunas sobre o tema literário, desenvolvida por colabores da área e escritores, pesquisadores e estudantes. Com a curadoria do professor Robertson Frizero, o blog traz  uma reflexão e informações sobre criação literária, livros e teoria. 

Diego Petrarca passa a colaborar no blog com textos sobre poesia,  o primeiro texto é sobre o livro Quadras Paulistanas, lançado e 2013 por Fabrício Corsaletti. Confere lá:

 http://sapereaudelivros.blogspot.com.br/2014/05/um-modo-criativo-de-conhecer-sao-paulo.html

PARA GOSTAR DE POESIA

Oficina na FestiPoa Literária, leitura e comentários sobre poemas de Ana C., Paulo Leminski e Francisco Alvim para uma turma atenta e interessada nos poetas dos 70. Na Casa De Cultura Mario Quintana. Fotos de Ana Mendes.




LADODENTRO ENTREVISTA - TONINHO VAZ



Toninho Vaz é especialista em biografar poetas malditos. Sua biografia O bandido que sabia latim, de 2003, aborda a vida e a obra de Paulo Leminski. Em 2005, foi a vez do poeta e letrista Torquato Neto voltar a ser falado graças a pesquisa de Toninho Vaz, jornalista curitibano muito atento aos artistas da contracultura. A segunda edição de Pra mim chega, atualiza a vida de um dos poetas mais relevantes dos anos 70, via Tropicalismo. O trabalho de Toninho é sério, informado e respeitoso, pelo menos essas duas biografias citadas são fundamentais para o entendimento e importância dessas personalidades poéticas do Brasil. 


Na sua opinião, qual as contribuições de Torquato Neto para a chamada poesia dos anos 70, a Geração Mimeógrafo, que atribuí ao poeta uma influência para essa movimentação poética da época?

Veja bem, antes temos que considerar que, a rigor, Torquato não construiu uma poética, simplesmente porque nunca teve essa intenção. Ele não planejava publicar um livro com suas poesias, razão pela qual a primeira reunião dos seus escritos vai surgir depois de sua morte, reunidos em “Os últimos dias de paupéria”, editado pela viúva Ana e pelo amigo Waly Salomão. Mas, obviamente, ele era um grande poeta como considerava ser: “Um poeta não se faz com versos”, dizia. 
  
Alguns nomes importantes para a história de Torquato Neto acabaram não colaborando com a sua biografia (o que obviamente fez falta em seu livro) na sua opinião, qual o motivo de Bethânia, Gal, Gil, por exemplo, evitarem dar depoimentos?

O nome Torquato causa desconforto em alguns tropicalistas, pois a amizade deles teve um desfecho radical, marcado pelo desencontro. Eles se separaram do Torquato, mas não esperavam pelo suicídio logo em seguida, configurando um trauma coletivo. Mas eles todos são espiritualizados e provavelmente sabem o que aconteceu.

Torquato Neto virou um ícone da contracultura no Brasil. Você considera que a figura do autor de Geleia Geral ficou muito vinculada ao Tropicalismo e isso de algum modo abafou outras atividades para as quais Torquato se dedicou e de algum modo, conceituou?

Creio que o trabalho do Torquato foi interrompido muito precocemente, aos 27 anos (na verdade, na madrugada em que ele completou 28 anos) e ainda longe da maturidade intelectual. Mas estamos falando dele até hoje, o que revela a importância da sua incipiente produção intelectual. A Tropicália (ele preferia chamar assim) foi a explosão do talento dos meninos criativos e mergulhados nos melhores ambientes culturais. Para Torquato,  a experiência tropicalista somou com trabalhos feitos com músico de outras áreas, como Edu Lobo e Nonato Buzar.

Você reconhece na coluna de Torquato no jornal construções textuais comuns a sua poesia? como se o texto da coluna fosse uma espécie de híbrido entre jornalismo e poesia e daí a particularidade dessa coluna: ela acabou sendo a poesia que Torquato encontrou realizar naquele período?

Certamente, muito da produção textual do Torquato vem da coluna Geleia Geral, que transcendia ao jornalismo tradicional. Eu era leitor da Última Hora, em Curitiba, e fui visivelmente influenciado pelo texto agressivo, inconformado e combativo que ele apresentava. Algumas vezes comecei o texto da minha coluna no Diário do Paraná com citações do tipo: “Como diria Torquato Neto, agora está tudo certo, otário? O carnaval passou rapidamente e levou junto todos os problemas?” A ironia a serviço do inconformismo. 

Em sua biografia aparece uma relação mais íntima entre Torquato e Caetano, você acha muito simplista atribuir o afastamento deles devido a esse rumor? afinal isso está na biografia de modo bem claro, afinal existe um motivo específico desse afastamento entre eles?

Acho simplista, sim, pois como eu digo no livro, é bem possível que Torquato estivesse dando motivos para este afastamento, desde que o alcoolismo se acentuava e o consumo de drogas também. Mas ele não era inconsequente, um porra-louca, era doente. De maneira inédita, o livro trás a revelação de um diagnóstico médico de esquizofrenia.

Você é o autor da excelente biografia de Paulo Leminski, que considerava Torquato uma super influência em sua poesia. A respeito disso, como você percebe essa voz de Torquato na formação poética de Leminski?

Sem nenhum planejamento acabei escrevendo a biografia dos dois poetas, naquilo que eu chamo informalmente de minha “micro antologia biográfica dos malditos”, palavra aqui sem conotação bíblica, mas sim numa referência aos poetas franceses, assim chamados. Torquato e Leminski se pareciam, numa certa maneira, respeitando-se as diferentes trajetórias. Eram radicais e autênticos.

Recentemente a UFRGS admitiu o álbum conceitual da Tropicália como leitura obrigatória para o vestibular, Torquato é um dos elementos que garante a possibilidade literária nesse disco, por ser um poeta dentro do movimento. Além da canção Geleia Geral, quais outras letras na sua opinião dão o recado real da proposta tropicalista?

Certamente “Louvação”, parceria com Gil, e “Mamãe coragem” , parceria com Caetano. Correndo por fora da proposta tropicalista, gosto muito de “Pra dizer adeus”, parceria com Edu Lobo.

A Cia das Letras relançou a poesia completa Ana Cristina Cesar, Paulo Leminski e agora Wally Salomão. Torquato Neto poderia estar nessa lista com total certeza, no entanto, ela não via necessariamente no livro um suporte para a sua poesia, fale a respeito disso, Torquato talvez tenha sido um pioneiro no sentido de fazer poesia fora das páginas?

Talvez. Ele tinha outra maneira de ver a poesia, vivendo a vida poeticamente. Nunca esteve mirando ser um poeta, digamos, formalmente. Mas os textos completos dele já estão em livro, no recente “Torquatália”,  editado pela Rocco.

Da obra ou produções de Torquato com a palavra criativa. quais Toninho Vaz destaca enquanto leitor/biógrafo?

Eu gosto do conceito criado por ele para a revista NAVILOUCA, reunindo jovens poetas daqueles anos conturbados, todos de vanguarda, incluindo os “professores” Décio Pignatari e Augusto de Campos. A revista, entretanto, só foi editada depois de sua morte. Considero um marco na poesia brasileira. 






ANTOLOGIA DO SUL A CHINA



Para receber os visitantes da Semana da China no Rio Grande do Sul, o Instituto Estadual do Livro (IEL) editou um livreto bilíngue – português e chinês – com vinte poemas de dezessete autores contemporâneos do Estado: Alexandre Brito, Augusto Bier, Berenice Sica Lamas, Celso Gutfreind, Diego Petrarca, Fabrício Carpinejar, Flávio Brasil, Lau Siqueira, João Angelo Salvadori, Jaime Vaz Brasil, José Eduardo Degrazia, Maria Carpi, Paulo Seben, Ricardo Portugal, Ricardo Silvestrin, Susana Vernieri, Thomaz Albornoz Neves. Organizado por Laís Chaffe e com tradução de Sun Yuqi, o livreto foi produzido com as parcerias da Associação Lígia Averbuck (associação de amigos do IEL) e Museu Julio de Castilhos.