terça-feira, março 14, 2006

MARISA EM DOIS



Marisa Monte está de volta. Desde de 2000 que a cantora mais cult/cultuada da moderna MPB não lançava um disco solo. Em 2002 lançou com os parceiros Arnaldo e Brown o estouro Tribalistas, espécie de neo-doces bárbaros. Tão diferente daqueles. O fato é que Marisa Monte deixa sempre um espaço entre um disco e outro: em 1989, em 1991, 1994, 1996, 2000 (em 1999 ela ajudou a montar o repertório de sambas, e cantou todos eles com a velha guarda). Este espaço estratégico existe por um motivo: os discos de Marisa perduram, é necessário ouvir, reouvir, re-reouvir. E para tanto é necessário um tempo de dois três anos. Ela decide lançar um disco é quando as pessoas estão de fato sedentas de ver e escutar suas novas canções. E agora ela está de volta em dupla dose: de um lado canções românticas na voz perfeita para soar o verbo lírico: Infinito Particular. De outro o samba, letras doces e batucada. Samba real, umas das referências de Marisa sempre insinuada em seu repertório. Agora ela faz um disco de samba, um disco inteiro de samba. Sambas clássicos do repertório brasileiro: Ivone Lara. Sambas novos dela e de seus parceiros Antunes e Brown: Universo ao meu redor. Marisa reinventa-se cada vez mais fiel ao seu foco particular de formação musical que resulta um Infinito Particular num Universo ao seu Redor. Desde MM, passando por Mais, Cor de Rosa e Carvão, Barulinho Bom, Memórias Crônicas, e Tribalistas, está tudo aí nesses discos novos, todo o seu passado musical contido em dois grandes trabalhos. Arnaldo e Brown sempre ali, letras fresquinhas de Antunes na musicalidade fértil de Brown e a voz de Marisa, valerá por anos mais, em mim, em nós, a trilha sonora do nosso universo ao redor de um infinito particular.


Eis o melhor
e o pior de mim
o meu termômetro
o meu quilate
vem, cara, me retrate
não é impossível
eu não sou difícil de ler
vem, faça sua parte
eu sou daqui
eu não sou de marte
vem, cara, me repara
não vê, tá na cara
sou porta-bandeira de mim
só não se perca ao entrar
no meu infinito particular
em alguns instantes
sou pequenina e também gigante
vem, cara, se declara
o mundo é portátil pra quem não tem nada a esconder
olha minha cara
é só mistério
não tem segredo
vem cá , não tenha medo
a água é potável
daqui você pode beber
só não se perca ao entrar
no meu infinito particular