domingo, fevereiro 08, 2009

PASTA ROSA





Eis que chega às livrarias do Brasil o livro Antigos e Soltos, a chamada Pasta Rosa de Ana Cristina Cesar. Trata-se daquilo que a poeta carioca deixou de publicar em livro, suas sobras de gaveta.

Além disso o material é um super documento do modo de produção de Ana C., fragmentada, rabiscada, reescrita, manuscrita. Interessante é que o projeto gráfico respeita os originais datilografados e escritos a mão pelo fato de estarem facsimilados com uma nitidez incrível. Vejo o livro como um grande álbum, um livro de arte literária, da genética de um texto, de um poema, no ato primeiro de sua criação.

A força expressiva está no reconhecimento da matriz do texto, o gesto quase físico de escrever na máquina, de escrever a mão. O texto final aparece ao lado, para o leitor poder sentir a peça literária ali presente, mas mais do que isso é a sensação de ver o texto-poema concebido quase cruamente aos olhos do leitor. O que estava no fundo da gaveta inacabado, disforme, desmontado, agora é peça estética.

Ana Cristina Cesar reaparece com esse peso escrito manuscrito, nos devolvendo a sua grande força poética que reconhecemos em seus livros. Muitos inéditos, muitos poemas possíveis, que se encerram no seu processo criativo.

A Pasta Rosa é o dossiê Ana C.
Em gesto
em cheiro
em escritura
em rabisco:

em poesia