27 de março, o nosso abraço. início de abril. depois, o avião que partiu. o resto de abril, maio. fim de maio em sampa e junho inteiro. julho eu já estava mais pra lá, mais pra cá só comigo. veio agosto, uns setembros a mais. um ano inteiro de agora condensando semanas. semanas como anos a mais. quem ia imaginar?
talvez eu tenha soprado esse desejo aos anjos. minhas asas voam mas as fibras são tensas. sempre tensas. quando o corpo sente que o outro falta é quando o corpo significa. signos de elementos água e fogo. é bem provável: fogo ascendente em água. tão perto e longe. a voz, o canto, a fala, a conversa, o toque de mãos. a conversa extensa tensionando línguas. o medo o receio. insistência. invasão. não confundir com desrespeito. em nome do respeito alguns desastres. venha dormir em casa. desastrado pela pressa de não perder mais uma vez. tão perto e longe. talvez eu não devesse. talvez eu só quisesse. o certo é que não quero não devo não posso perder tempo. o tempo é mais alto quando repartido em sóis, em fins de tarde. em ervas de água quente. em ervas de tragar. devolver a boca em beijo. há uma beleza nisso. saber chorar a dois. deixar-se chorar como parte do diálogo. tantas coisas ao mesmo tempo. não cabe apenas o deslumbramento. bandeira: alumbramento. as letras. bom é ficarmos sós sem estarmos sós. tantas palavras. a palavra como início sem deixar escrita a palavra fim. a palavra sins. a sua coisa é toda tão certa. falar de déia na terceira pessoa. as rosas recolhidas rua afora. o ano de 2008. as pitangas tem perfume. somente a água não deixa a sede sem resposta. ela me disse. dona do seu sistema. eu sei - é tudo sem sentido. quero sempre essa força que vem antes de me conhecer. estar contigo é o bastante. a música toma o lugar da parede. nosso espaço para mais abraço. sensível tanto ou mais que eu mesmo em mim. tua palavra escrita me reescreve. o que é um beijo se eu posso ter o teu olhar. letras impressas no telefone. erva cidreira e mate de manhã. o café da manhã é extensão do amor feito de noite. café mascavo. café entre nossas vírgulas nas dobras das conversas, longas e longes. café para colar lábios e dentes. gotas de saliva miradas no rosto. não só poema: poesia. não apenas poesia: poética. frutas e as cores da salada. ambrosia em comum. leveza e ansiedade. eu quero muito mais. deixar-me estourar espinhas, deixar-me mastigar devagar. carinho lento demorando. eu quero ainda mais. agora sei: estamos fundos. juntos. bejios e cheiros e lindos momentos. como já dizia djavan. o meu melhor amigo é a minha namorada. culinária literária. linguagem em nossos quatro cantos. e os pés, sempre os pés mais perto, para sonos e abraços, como início de maiores delícias. nhé! teus pés inauguram tua beleza. se me deixo pisar é porque também sei fugir. nunca me deixo. as canções de minas. mais ainda porto alegre aos domingos de sol na cara: o sol na cabeça. as letras das canções. um dia desses eu me caso com você. o texto manuscrito no papel. o rabisco como marca. os desenhos. rasuras de dentro expulsas a limpo. quem modelou teu rosto? deixar a desordem certa de tuas coisas arrumadas pela ordem errada da minha organização. minhas unhas escrevem nas tuas costas: coca. e se você viesse antes, dentro de um dos três tempos. quando eu calo eu te pressinto. a parte mais carícia do carinho.quando te vejo dormir.eu sou um homem comum. essa foto quando pequena. criança que as vezes reconheço num jeito de olhar, num sorriso recuperado dessa época. sigamos juntos. beleza? branca e rosa. esse texto é só pra dizer. e diz. que nunca nos disperdicemos. a mais bonita. eu espalho o meu rosto no teu jeito de me olhar. amar esse amor com essa tal urgência. eu nunca te disse, mas agora saiba. tudo de ti é tão de dentro. noel em nós. o mar. a praia. o texto dobrado dentro da garrafa. pêlos desse peito como travesseiro. ana c. em nós. quando você diz. mogi, contigo eu moro em mim. eu admito com mais sins. ninguém pode silenciar o vento.
déia, daqui de dentro.