Há exatos
30 anos o Kid Abelha, lançava seu segundo disco, Educação
Sentimental, ainda com Leoni, fundador conceitual da banda.
Isso foi alguns meses após a apresentação do grupo no primeiro Rock in Rio. É
um clássico do Brock dos anos 80 e o repertório traz canções emblemáticas tanto
nas faixas mais melódicas como nas mais embaladas pelo rock.
Um dos
melhores discos do Kid Abelha e com um perfil da banda mais
visceral, mais concentrado (Paula Toller ainda de cabelos curtos não
aloirados e voz adolescente, deliciosamente não maliciosa mais ainda sim
sensual, ela própria mais despojada e sem a preocupação em parecer bonita, além
das suas parcerias com Leoni que são a medula do Kid Abelha. No
disco, Leoni até que aparece solo em algumas faixas). Trata-de
de uma identidade e vitalidade do Kid Abelha que talvez jamais
tenham recuperado, talvez pela saída de Leoni. Como se o Kid perdesse um
elemento/conteúdo implacável: sua "abóbora selvagem".
Junto a Cazuza e Legião
Urbana e, mais além, Júlio Barroso, esse disco me fez
idolatrar o nosso Brock anos 80 hoje cultuado. Vale pena reouvir e redescobrir
o álbum. E se não bastasse o release era de Caetano Veloso, seguem alguns
trechos:
- Quando
ouvi pela primeira vez a voz de Paulinha no rádio do carro, eu me senti
fascinado: estava diante de um fato nu, terno, delicioso e assustador – uma
nova geração. Foi emocionante também vê-la cantando com Chico, que contou ter
sido Rubem Braga quem lhe chamou atenção para ela. Ela tem um charme
discretíssimo.
-Para mim
tem sido sempre maravilhoso ouvi-la cantar “Como eu quero”. É curioso que o
grupo tenha escolhido o adjetivo “selvagem” para compor o nome nonsense que
elegeu para si. Ninguém menos selvagem do que esses garotos urbanos e limpos.
-O que é
“selvagem”? Como um eco do passado, a palavra surge aqui indicando a natureza
da origem desse acontecimento. O som do Kid é selvagem. O fato de ele às vezes
ser interpretado como neo-careta é um engano muito fácil para não ser suspeito.