terça-feira, dezembro 19, 2006

COMO É QUE CHAMA O NOME DISSO



O poeta multifacetado Arnaldo Antunes está de livro novo. Ele mesmo organizou a primeira antologia digna de sua obra poética, reunindo inclusive alguns desdobramentos de sua poesia até então inéditos em livro, como as caligrafias, antes somente apresentada em exposições de arte. O livro, além de uma bela capa, feita pelo próprio Arnaldo a partir de uma foto da sua obra visual (uma poesia que aglomera recortes de cartazes colados num muro ou parede, antes publicada no livro 2 ou mais Corpos no Mesmo Espaço), reúne cronologicamente alguns trabalhos de cada livro. O primeiro, de 1983, antes do estouro dos Titãs: Ou E, a mais radical obra inteiramente visual de Arnaldo, lançada numa caixa com as folhas soltas. Edição independente e ousada, mais que livro: instalação. De 1986, já na ativa com os Titãs: Psia, traz poemas visuias, impressos visuais, e a letra circular de Não é o que não pode ser. Mais tarde, em 1990, Tudos, seguido dos geniais As Coisas, de 1992 (que apresenta um livro com teor didático lúdico, segundo o autor, um livro para crianças, mas na verdade é uma exploração do quanto de criança existe no olhar poético, um livro nota 1000). Em 1993, o projeto livro/disco/vhs (agora já em dvd): Nome, a obra que mais resume a atividade poética de Arnaldo, numa só obra a poesia que atua em todos os setores que Antunes se utiliza para expressar a sua poética. De 1997: 2 ou Mais Corpos (poemas visuais mais elaborados, mais enigmáticos) um poeta cada vez mais ligado a poesia plástica.

Em 2000, 40 Escritos mostrou o Arnaldo prosador (crítica de arte, ensaio, crônica, e claro, algumas poesias para projetos especiais, como o que ele fez com o artista plástico Tunga. Em 2002, os poemas epigramáticos, pop-poéticos, com uma relação textual próxima ao anúncio publicitário, porém, antes de tudo, poético, Palavra Desordem traz as letras explodidas na página. Em 2003, poesia e fotografia numa só leitura, ET EU TU vem com projeto gráfico de primeira, resultado de uma parceria (também amorosa) com a fotógrafa Márcia Xavier.

Tudo está compilado em COMO É QUE CHAMA O NOME DISSO, um apanhado fundamental para compreender a trejetória poética desse mega artista. O livro ainda traz um capítulo com as caligrafias e alguns textos em prosa nunca dantes publicados. E ainda uma super entrevista crucial, com, entre outros, Zé Miguel Wisnik. E o mel do melhor: um livro inédito, Nada de DNA. Esse recém saído do forno cerebral do gênio Arnaldo, não vou comentar, há de comprar.

Como é que Chama o Nome Disso, mais que muito:
Tudos!