Ítalo Moriconi organizou uma nova antologia pela editora José Olympo, reunindo a fina flor da poesia marginal, magistral, dos anos 70. Trata-se de Destino: Poesia, assim mesmo, com esses dois pontos, o destino anunciando a poesia, como se referisse que o destino mesmo desses autores reunidos fosse irremediavelmente a palavra do fazer poesia. Moriconi já havia feito obras parecidas, sempre dando uma certa ênfase a essa movimentação poética dos anos 70. Foi ele quem escreveu, dentro da série Perfis do Rio, a biografia de Ana Cristina Cesar, O sangue de uma poeta . Além desse, também lançou A Poesia brasileira do Século XX, um estudo atento ao que se produziu de poesia nesse período, citando autores, comparando poemas, refeletindo sobre o que teve de potência criativa em nossa poesia pós-moderna, tornou-se um livro obrigatório para o entendimento da produção poética dos modernistas até meados dos anos 90.
Moriconi agora reúne esses cinco poetas, já em outra esfera, mas eternos no que fizeram com seus versos impressos/lidos/escritos. Embora seja uma seleção mais rigorosa, ou seja, o time da poesia dos anoos 70 é extenso, múltiplo, mas essa nata pode muito bem refletir o que se fez nesse período. Lendo Ana C., Cacaso, Waly, Torquato e Leminski, é impossível dizer que não se tenha passado pela poesia pós-moderna brasileira já com certa propriedade. O eco desses autores reverbera ainda nesses tempos de agora pelos quatro cantos.
Mesmo que os poemas já sejam conhecidos, encontráveis em qualquer boa compilação da. poesia desse período ou de antologias individuias, percebê-los reunidos num mesmo livro cativa o leitor, produz um caderno com vida própria, e a edição passa a ter uma graça, um sabor de coisa nova, pelo menos na seleçao desses 5, sempre tão relacionados, tão representativos, mas poucs vezes reunidos num mesmo livro. O essencial de cada qual está ali, em páginas bem escritas, em versos livres e breves, musicais e despojados, afiados com a linguagem desses tempos desde aqueles tempos. Quero pegar o meu logo. O livro comprova o que já se sabe: esses cinco nomes já são perólas canônicas na poesia brasileira, referência básica e definitiva para a poesia Brasil pós-tudo.