terça-feira, julho 21, 2009

BREVÍSSIMOS - Nº2



 


Eu já havia postado um texto comentando sobre a forma breve que estão na composição de alguns poemas. No texto mencionava que, no Brasil, o haicai, foi muito produzido por dois autores: Paulo Leminski e Alice Ruiz. Pode-se dizer que esses dois contribuíram muito para a divulgação do gênero no país, embora muitos outros autores tenham praticado haicais, inclusive rompendo com a forma tradicional das sílabas e da temática da natureza. Mas existem outras formas breves que não tem o propósito de inaugurar um novo gênero ou forma de poesia. Simplesmente são breves, tendem a condensação dos sentidos,da síntese e na rapidez da leitura. O próprio poema já é uma forma breve se comparado a prosa, mas ainda é possível reduzir o poema a poucos versos sem perder a capacidade de abstração ou profundidade.


O haicai é a forma mais conhecida de poema breve, mas ainda existe o epigrama, por exemplo, uma frase, um verso, expressando um sentido que vai longe. Os poemas postados aqui são de Alice Ruiz e Paulo Leminski. Esses com letras coloridas pertencem a um livro chamado Hai Tropikais, publicado em 1985 em formato livro-cartão, o volume reunia haicais de Alice e Leminski.













Os outros poemas são retirados de livros de Alice Ruiz para exemplificar a forma breve sem necessariamente ser o clássico haicai. O poema breve é uma prática da poesia moderna, pode-se dizer, já era praticado nos anos 20 por Oswald de Andrade e não tinha como modelo o haicai japonês, a possibilidade de se criar uma forma breve sem ser um haicai tradicional, é como esse exemplo:


AMOR
HUMOR


Esse poema de Oswald é a máxima enxutez de um poema, ao menos no período em que foi criado. Na prática poética contemporânea muitos foram os autores que desenvolveram a forma breve: poemas de uma linha, de uma palavra, de dois, três versos. Nesse sentido a forma breve é cabível em inúmeros formatos, podendo o autor inventar o seu e estabelecer um critério seu. Além do mais, a forma breve chama a atenção por aglutinar som sentido e reflexão a partir de poucas letras, como pequenas pérolas, pontos iluminados na página.
Sejamos breves
e não menos profundos.