quinta-feira, novembro 17, 2011

LIÇÃO DO DIA





Lição do dia, baseado em uma fotoarte, saiu em ZH nessa quinta, 17 de novembro. "Crimes suaves que ajudam a viver", já dizia o essencial e absoluto Drummond.

terça-feira, novembro 15, 2011

TRECHO PUTZPOESIA



Ouça um trecho do programa PutzPoesia, toda sexta as 19:00 na http://radioputzgrila.com.br/site/, com Fernando Ramos e Diego Petrarca.
Confira também o blog do programa http://putzpoesia.blogspot.com/

trecho: http://minicasts.podomatic.com/play/1430063/2633021

A VIDA NÃO BASTA - LEITURA SOBRE FERREIRA GULLAR NA FEIRA DO LIVRO






A Vida Não Basta: leitura sobre poemas de Ferreira Gullar domingo dia 13/11 na Feira do Livro. Público numeroso e um panorama da obra do poeta. Canções, informações sobre o autor, além de trechos de uma entrevista e depoimentos exclusivos concedidos pelo poeta, como este que segue abaixo. Com Andréia Laimer, Diego Petrarca, Guto Leite e Lorenzo Ribas.



"É com muita alegria que me dirijo a ...vocês, visitantes da Feira do Livro de Porto Alegre. Este é um evento tradiconal que tem contribuido amplamente para a difusão do livro e o estímulo à leitura. Se digo isso é porque o livro - a literatura enfim - tem para mim grande importância, pois é ela um dos fatores constitutivos de nossa vida, de nossa condição de ser humano, já que o que somos são os valores que inventamos e dão sentido à existência. Além disso, a literatura, como a arte em geral, tornam a vida mais rica, mais bela. Daí porque costumo dizer que a arte existe porque a vida não basta." 

F. Gullar.

sábado, novembro 12, 2011

YÛGEN - TOMIE OTHAKE E HAROLDO DE CAMPOS







Yûgen, significa, profundidade e mistério. Foi um trabalho verbovisual composto pela pintora japonesa radicada em São Paulo Tomie Othake e o poeta Haroldo de Campos. Reunidas num álbum, essas pinturas poemas foram lançadas em 1998 e incorporam a pintura da letra ao traço, a frase manuscrita é também o traço da pintura. Um belo resultado intersemiótico entre verbo e imagem, gerando nessa fusão um signo artístico  para ler e ver. 

terça-feira, novembro 08, 2011

MARCADORES DE PÁGINA DA LETRAS & CIA

Genial o projeto da livraria Letras & Cia de estampar poemas nos marcadores de página,  o objeto que divide e pontua a pausa da página na leitura torna-se também uma peça literária. Dentre outros autores que enviaram seus textos para essa prática está Diego Petrarca. O mesmo marcador ainda traz textos de Alexandre Luchesse e Marcos de Andrade





A VIDA NÃO BASTA

Dia 13 de novembro, domingo, leitura na 57ª Feira do Livro sobre Ferreira Gullar. Na Tenda de Pasárgada as 20h. Um panorama da sua poesia desde seu segundo livro, A Luta Corporal, de 1954, até sua obra mais recente, Em Alguma Parte Alguma, de 2010, seguido de leituras em áudio do próprio autor. Com Andréia Laimer, Diego Petrarca, Guto Leite e Lorenzo Ribas, entrada franca. 



sábado, novembro 05, 2011

HOBURACO NA FEIRA DO LIVRO



O Bando Hoburaco em ações na Feira do Livro 2011: Leitura Íntima e poemas pergunta autorais, registrados em postais distribuídos em intervenções ao longo da programação do evento literário mais badalado do Rio Grande do Sul.  

terça-feira, novembro 01, 2011

MORADAS DE ORFEU




Diego Petrarca e outros poetas daqui estão integrando essa Antologia.

Moradas de Orfeu é uma antologia de 59 poetas do sul do Brasil. Novas vozes poéticas que habitam os estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. O poeta e crítico de teatro e literatura Marco Vasques organizou e agora distribui, gratuitamente, no dia 8 de novembro, na Fundação Cultural Badesco, a partir das 19h:30 min. Ano que vem tem lançamento em Porto Alegre.

O objetivo da Antologia é mostrar as divresidades e dicções poéticas da produção recente, apresentando a linguagem uma geração que produz poesia nos tempos de hoje.

FILME LEITURA SOBRE DRUMMOND



Olha só que máximo o filme produzido pelo Instituto Moreira Salles e realizado pela Mira Filmes sobre os 109 anos do poeta Carlos Drummond de Andrade comemorados ontem, 31 de outubro. Só nomes de peso da nossa cultura lendo poemas do mestre. Para assistir o filme é só clicar abaixo. Basta uma câmera em frente a uma pessoa lendo um texto. Todo cinema se faz: cinepoesia/cinepoema, como já dizia Godard. Dica de Marina Person, que também aparece no filme, Confira: 

http://vimeo.com/31252975

sábado, outubro 29, 2011

FEIRA DO LIVRO 2011





Na 57ª Feira do Livro de Porto Alegre, ano 2011: Oficina Literária Trânsito entre Gêneros , ministrada por Diego Petrarca , dias 4 e 5 de novembro, as 16:30 no CCCEV. E dia 13 de novembro, as 20:00 a leitura em homenagem aos 80 anos do poeta Ferreira GullarA Vida Não Basta,  com Diego PetrarcaAndréia LaimerLorenzo Ribas e Guto Leite.

As intervenções do Bando Hoburaco, grupo que se formou nas oficinas do CCCEV ao longo do ano de 2010, serão distribuídas entre as datas da Feira,  leitura  e postal poético em eventos determinados. Além disso, a exposição fotográfica dos poetas do projeto Cidade Poema http://t.co/1Ufjy9Ql vai acontecer na Casa do Pensamento ao longo de toda Feira do Livro, assim como a exposição Código Coletivo (foto abaixo) http://bit.ly/rMwHwm organizada por Sandra Santos, estará no  Memorial do Rio Grande do Sul também como parte da programação.

terça-feira, outubro 25, 2011

ENTREVISTA POÉTICA - CLÁUDIA TAJES


Nessa segunda feira, 24 de outubro, a 7ª edição de 2011 do evento Entrevista Poética, coordenado por Lorenzo Ribas e Diego Petrarca, na livraria Saraiva do Praia de Belas,  recebeu a escritora Cláudia Tajes. Além da sua temática das relações modernas entre homens e mulheres, Cláudia comentou seu trabalho na TV como roteirista e adiantou que em 2014 vai estrear como novelista. A graça do seu texto perpassa também na conversa e em sua simpatia, pouco mais de hora de uma conversa leve e sorridente. Valeu Cláudia!




quinta-feira, outubro 20, 2011

O OCIDENTE

Criado pelo artista e desenhista Rafael Espíndola, o poema de Diego Petrarca,  foi veiculado nos adesivos e em letreiros dentro do Projeto Cidade Poesia, em arte realizada por Guilherme Moojen.  Rafael agora apresenta sua versão, simplesmente sensacional.
  




sábado, outubro 15, 2011

PROGRAMA PUTZPOESIA





É toda sexta feira, as 19:00, na Rádio Puztgrila:  http://radioputzgrila.com.br/site/, Fernando Ramos, Diego Petrarca e Guto Leite, rock e poesia, leituras e canções, assuntos literários, convidados e informações sobre verso e prosa, palavra falada e cantada e muito som.  É só entrar no site e conferir, a poesia cantada e falada nas ondas sonoras da web.

sexta-feira, outubro 14, 2011

HOBURACO NO PORTOPOESIA


O bando Hoburaco, grupo formado em 2010 no CCCEV dentro da oficina de criação ministrada por Diego Petrarca, integrou mais um evento literário em Porto Alegre, o Portopoesia 5. A apresentação do grupo mostrou a produção individual dos autores Paulo Ohar (foto), Mariah de Olivieri, Delma Gonçalves, Bernadette Saidelles e João Alberto Luiz, contando ainda com a participação de Domingos Sávio. Dênia Palmira, outra integrante do grupo, não estava presente. Hoburaco orientou a sessão de leituras, que prosseguiu com a participação de outros autores e o público em geral colaborando com leituras próprias. Hoburaco já integrou eventos como o Festipoa Literária 2011, Sarau com Ritmo, Homenagem a Drummond na CCMQ, entre outros, além do Portopoesia, o grupo prepara sua intervenção durante a Feira do Livro 2011.

sábado, outubro 08, 2011

LADODENTRO ENTREVISTA - CHICO AMARAL



Chico Amaral é um dos mais atuantes letristas da música popular brasileira. Praticamente é o quinto integranteda banda mineira Skank, sendo co-autor de grande parte do repertório do grupo. Parceiro também de Milton Nascimento, Ed Motta, Beto Guedes, Erasmo Carlos, Lô Borges, Totonho Villeroy, Affonsinho, entre outros. Como compositor foi gravado por diversos nomes da MPB, como Daniela Mercury, Ivete Sangalo, Milton Nascimento, Ney Matogrosso, Cidade Negra. Chico Amaral é saxofonista e ganhou o prêmio de melhor instrumentista do concurso BDMG para compositores de música instrumental, edição 2007. Como letrista, Chico Amaral  torna-se poeta da canção e nos faz perceber que música e poesia serão sempre complementares. Os discos Livramento, de 2002 e Singular, de 2007, são trabalhos de Chico Amaral como letrista e instrumentista, mais afastados da linguagem pop presente nas canções com o Skank, deixando mais clara sua sofisticação musical.  http://www.chicoamaral.com.br/

Como você perecebe a letra de música com um status de poesia?

Chico Amaral - Jack Kerouac notou a beleza das frases de Charlie Parker, tão longas e surpreendentes, dizia ele, como as frases de Proust. O que aproxima um pouco o jazz da poesia é essa presença da frase. John Coltrane cria padrões musicais tão novos no seu fraseado que remete à recriação do mundo alcançada pelos poetas. O mesmo sinto em relação a Miles Davis e Wayne Shorter, com sua extrema originalidade. São poetas, eu sempre penso. Coltrane e Parker seriam poetas - prosadores. Há, também, uma forte analogia do jazz, e de outros tipos de música, com a pintura. A frase, os sons, o timbre, criam linhas e cores no espaço que preenchem. O jazz é cheio disso, lembra às vezes o cubismo, outras o abstracionismo, como o free de Ornette Coleman. Charles Mingus tem uma composição que se chama Self-Portrait in Three Colours.

Você tem ou terá algum projeto de publicar um volume com poemas somente impressos?

Chico Amaral - Não. Tenho feito coisas com Leo Minax, um mineiro radicado em Madrid, que lembram a poesia dos livros. É importante lembrar que existe poesia sem o livro, como em Homero, por exemplo, ou Bob Dylan. Existe até poesia sem o poeta! “A canção cantada por si mesma”, como escreveu Carlos Drummond.

Fale sobre o início de sua atividade de letrista ofcial da banda Skank.

Chico Amaral - Comecei a tocar com Samuel Rosa em conjuntos anteriores ao Skank. Depois alguém lhe contou que eu era letrista. Uma das primeiras letras que escrevi pro Skank dizia: “desde que você me disse nem/saber quem foi John Coltrane/e Noel Rosa era alguém/que seus tios gostavam bem(...)”. Fizemos muita coisa juntos. Samuel é meu grande intérprete, com o Skank, claro.

Como se dá o seu processo de elaboração da letra/poemas a partir da canção?

Chico Amaral - Começa por ser uma idéia poética. Gosto das frases escritas na cidade. Talvez o ônibus seja até melhor que o livro, tenha mais urgência, menos comodidade. Se você não ler aquilo, nunca mais, de repente, poderá fazê-lo. Eu leio tudo pelo caminho, a cidade é um grande livro caótico. Gosto de encontrar nomes de lojas bem escolhidos, em bom português: a Cantina do Lucas, Casa da Farinha, A Favorita, etc. Outro dia imaginei um nome cômico-ridículo: “Joaquim Silvério, o Rei da Traíra”. Seria ótimo encontrar, no metrô, um poema de Gregório de Matos, por exemplo.

Quais suas influências na poesia? elas se confundem com as influências musicais?

Chico Amaral - Gosto de muita gente, de João Cabral de Melo Neto a Arnaldo Antunes. É importante lembrar também a quantidade de compositores que operaram com versos mais prosaicos, aparentemente, e de enorme beleza e precisão: Dorival Caymmi, Vinícius, Erasmo Carlos, Noel Rosa, Lamartine Babo. “Eu vou pra Maracangalha, eu vou/eu vou de chapéu de palha, eu vou”. Como afirmar que isso é menos poético? Caymmi é um dos meus ídolos, toco e canto suas músicas no violão, direto.

Existe, em sua percepção, algumas palavras ditas pela música instrumental, isto é, mesmo na música sem palavras as palavras insinuam-se?

Chico Amaral - Não sei. E olhe que meu ofício é colocar palavras nas melodias que os parceiros enviam. Gosto de música instrumental, sem palavras. Para além das transformações que a palavra consegue – e para Guimarães Rosa ela consegue o infinito – está o claro enigma da música. Não precisa de palavras.

A atenção voltada para a poesia da canção, seu-se muito a partir da atotude di Vínicius de Moraes, poeta de livro que começou a escrever letras e com isso inauguraou um novo estilo em sua poesia. Você se sente continuando esse legado aberto por Vinícius?

Chico Amaral - É, foi a partir de Vinícius, assim como foi a partir de Catulo da Paixão Cearense, de Orestes “Chão de Estrelas” Barbosa, de um monte de gente. Minha mulher me pede pra publicar um livro, mas de crônicas que eu escrevi no jornal em 2001/2002. Não sei. Livro com minhas letras não. Talvez uma miscelânea com textos e aquelas letras mais malucas que não servem pra ninguém.

A poesia Beat usou o jazz como inspiração poética. Você acredita numa escrita do improviso tal qual foi possível musicalmente no jazz?

Chico Amaral - O jazz recuperou a grande arte do improviso. Bach, Mozart, Beethoven, Chopin, todos foram exímios improvisadores. No Brasil, Pixinguinha improvisava com os 8 Batutas. E Jacob do Bandolim. O improviso é para os mestres. Por trás do improviso está uma vida de estudos e preparação. O improviso não se dá em dez minutos. Ele é a cristalização de dez anos! Quanto à letra, os improvisadores que a gente conhece são os repentistas e os rappers. Criam ali na hora, em cima do modo ou da batida. Noel às vezes parece ter a rapidez do improvisador, com versos escritos no guardanapo do bar.

sexta-feira, setembro 30, 2011

PUTZPOESIA NA PUTZGRILA



Dia 30 de setembro e 2011, estreou o programa PutzPoesia na rádio Putzgrila, com Diego Petrarca, Guto Leite e Fernando Ramos.  No programa de estréia, poesia concreta e outros assuntos relacionado a música e poesia. Fique ligado, toda sexta, das 19:00 as 20:00 PutzPoesia na rádio Putzgrila, música, poesia e convidados nas ondas da web. Sempre ao vivo. É só acessar o site toda sexta feira, as 19:00. http://radioputzgrila.com.br/site/


quinta-feira, setembro 29, 2011

PORTOPOESIA 2011

Eis a programaçao do PortoPoesia 2011. Dia 15 e 16 de outubro, ocorre  a oficina literária Dinâmica da Síntese - Poesia que Pergunta. ministrada por Diego Petrarca, numa das salas do Centro Cultural CEEE Érico Veríssimo. O grupo Hoburaco estará também se apresentando com leituras no dia 12 de outubro.


terça-feira, setembro 27, 2011

ENTREVISTA POÉTICA COM VALESCA DE ASSIS

O evento Entrevista Poética da última terça feira, dia 27 de setembro, convidou a escritora Valesca de  Assis para uma conversa sobre literatura e suas obras. Diego Petrarca e Lorenzo Ribas conduziram o bate papo por uma hora. Na plateia, escritores ilustres de Porto Alegre vieram prestigiar a autora. Valesca de Assis estreou na literatura em 1990 já conta com uma produção que inclui romances, novelas, livros infantis e crônicas. Seu livro mais recente é Um dia de gato, foi lançado em 2010. A conversa flui e destacou a inteligência e sensibilidade da escritora gaúcha.








terça-feira, setembro 20, 2011

LADODENTRO ENTREVISTA - HELOÍSA BUARQUE DE HOLLANDA



"Acho que hoje a poesia saltou do papel. Ela já estava pedindo isso há algum tempo, desde os poetas experimentais da década de 50 e agora, mais do que nunca, com a presença avassaladora da poesia na web. (...) A poesia circulando nas ruas, ao alcance de todos, divulgando e provocando novos sentidos do uso da palavra é a realização de um sonho de todos nós que confiamos no poder de transformação e no potencial de prazer da palavra poética".


A  Doutora e Professora Heloisa Buarque de Hollanda, é uma das personalidades intelectuais mais atuantes na área da poesia nessas últimas décadas, confira essa entrevista inédita com ela. 


Da produção poética dos anos 70, a chamada poesia marginal, o que pode ser destacado enquanto postura/conquista criativa para os dias de hoje?


Heloisa Buarque - Acho que a poesia marginal foi um momento muito especial, datado mesmo, com forte input do contexto de uma ditadura militar e da contracultura internacional. Mas o legado dessa poesia me parece bem aceso. Fiz no mês passado, junto com Chacal um grande evento chamado Poesia Toda no teatro do SESC, um retrato do que se faz em poesia hoje no Rio. Teve poesia digital, poesia visual, poesia sonora, poesia canônica, cordel e representantes da poesia dos anos 70,80, 90 e da geração 00. A minha surpresa foi ver que uma certa identidade nas gerações 90 e 00 com a atitude marginal especialmente no ecletismo de suas dicções e na irreverência com os padrões e formulas literárias. Mas o que me espantou mesmo é que o grande sucesso do evento foi a apresentação da sessão chamada “As Margens Plácidas” (uma ironia de Chacal com a atual faixa etária dos antigos jovens marginais rebeldes). Foi a sessão mais lotada e os aplausos foram intermináveis. O que deu uma perspectiva clara da importância histórica daquele momento para os poetas e para o leitor de poesia hoje.

Seu interesse e empenho em organizar uma antologia (memorável, diga-se) da produção daquele período, partiu de que modo?

Heloisa Buarque - Eu sempre trabalhei com a interseção cultura e política. E naquele momento chamado de “vazio cultural” no qual a livre expressão era pesadamente interditada. A poesia começou a produzir um publico jovem e a se destacar na cena cultural. Comecei a me interessar primeira por esse motivo, depois, durante a extensa pesquisa que fiz, identifiquei traços bem novos na linguagem, muito próxima à experiência vivida ou ouvida, no relacionamento do poeta com seu publico e com a própria poesia e nas formas originais de produção e distribuição dos livrinhos. Daí para a paixão e para uma tese de doutorado foi um passo.

Poetas como Ana Cristina Cesar (que você manteve um contato estreito) e Torquato Neto, tornaram-se símbolos daquela geração, hoje em dia são reverenciados enquanto artistas. No entanto, ao mesmo tempo existe também um culto a eles no sentido de um destino trágico. De que modo esse culto se confunde com a poesia deles?

Heloisa Buarque - Há sempre isso na história da poesia e da literatura ocidental. A tuberculose, a loucura, a estranheza do poeta que termina morrendo jovem, como se fosse um destino anunciado. Acho que especialmente no caso da Ana Cristina, o enorme interesse que a leitura de sua poesia tem hoje vem desse fato. Não está desmerecendo seu texto que mais do que ninguém louvei e aprecio. Mas vejo na sua fortuna critica a marca sempre presente da fascinação e / ou da busca das razões de sua morte precoce.

O despojamento de linguagem, a gíria, o coloquialismo, o poema piada, a brevidade, o anti academicismo, a poesia como experimento da vida, são elementos chave da literatura anos 70. O que existe além desses apontamentos enquanto marcas desse período?

Heloisa Buarque - Nesse momento me lembro de pelo menos duas coisas: uma a importância histórica e política do testemunho de uma geração sob a égide da censura e dos limites e paranóias que uma ditadura trouxe para o cotidiano dessa geração; o segundo é a experimentação no modo de produção (independente), de criação (o projeto gráfico antológico de alguns livros como, por exemplo Quampérios de Chacal) e distribuição (de mão em mão, em shows ou outros pontos informais de distribuição) editoriais. Esse segundo fator volta hoje como uma necessidade urgente do mercado diante dos e/readers e das novas formas de suporte para a leitura. O livro tem que ser repensado em sua distribuição e produção. Esse é o grande problema editorial do livro impresso hoje.

Heloisa Buarque é considerada porta voz da contracultura no Brasil, pelos estudos, livros, pelo trabalho de valorização desse período enquanto valor artístico. Em que medida a poesia (enquanto gênero) se destaca na chamada contracultura brasileira?

Heloisa Buarque - Como já mencionei nossa contracultura foi atípica na medida em que desenvolveu-se num contexto de restrição e censura. As manifestações ou as artes públicas eram muito vigiadas. A poesia e o teatro alternativo, fenômenos tradicionalmente fora do circuito do grande público, pegaram essa brecha e realmente se destacaram tendo um importância singular na história da nossa contracultura.

De certo modo, a cultura da periferia é o novo nicho criativo de produção cultural, levando em conta o seu foco de atenção nesse setor social?

Heloisa Buarque - (Não entendi bem essa pergunta, vou responder na intuição) Posso dizer que hoje a produção da periferia é meu grande objeto de estudo atualmente. E interessante ver inclusive alguma similitudes com os anos 70, a começar pelo nome como se auto intitula , principalmente em SP, onde é conhecida como “literatura marginal”. A esse respeito escrevi um artigo que foi publicado na Revista Boletim do Kaos produzida na periferia paulista e que também está no meu site (www.heloisabuarquedehollanda.com.br) chamado Marginais & Marginais

A atitude independente dos poetas dos anos 70 ainda são modelo de viabilizar uma obra na produção atual de poesia mediante o mercado editorial?

Heloisa Buarque - Acho que os poetas hoje estão usando a web como espaço preferencial da poesia independente. Alguns dão sorte e atraem a atenção de editores. Mas basicamente estão na web.