quinta-feira, junho 14, 2012

PROSA E POESIA NO CASTELINHO

Muito legal o bate papo hoje no espaço cultural Castelinho.  A pauta só poderia ser poesia e Gilberto Wallace lançou questões importantes para o debate. A minha participação junto com Mario Pirata reforçou o papo. Leituras e a participação de alguns integrantes do Bando Hoburaco.



sábado, junho 09, 2012

HOWL


Hoje, 09 de junho de 2012, foi o dia de assistir  a história do grandioso livro Uivo 
de Allen Gisnberg.



quinta-feira, junho 07, 2012

POEMA/CARTAZ


  • E segue a intervenção POEMA/CARTAZ em alguns pontos da Cidade Baixa. As paredes grafitadas convivem com um poema urbano.




quarta-feira, junho 06, 2012

OFICINA NA CASA DE CULTURA MARIO QUINTANA


Turma da Oficina Literária A Poesia Fora do Poema, na CCMQ, que encerrou sua 1ª etapa na terça, dia 05. Desde março, entre belos e criativos textos e conversas longas. O resultado foi sensacional e me deixará saudade, muito bom quando se forma um grupo entrosado e consistente, quero retomar essa equipe em minhas tardes de terça feira. 



sábado, maio 26, 2012

POEMA CARTAZ PELA BAIXA


  • Aos arredores das ruas José do Patrocínio, República e João 
    Alfredo, na Cidade Baixa, POEMA/CARTAZ espalhados em alguns pontos. Veja, leia, pegue e leve pra casa. As paredes e os muros grafitados e o mosaico de anúncios convivem com um poema urbano. 

    .

segunda-feira, maio 07, 2012

POEMAS CARTAZ

Os poemas abaixo integram a série poemas figura, expostos em cartaz e colados em alguns pontos da cidade. Suporte expositivos para a poesia circular e ganhar nova dimensão visual, complementando verbo e tipografia. Para começar, os dois primeiros abaixo: Rejuvenesce e Margem. 

Produção e texto: Diego Petrarca



















segunda-feira, abril 30, 2012

UNZ

Confira o video Arnaldo Antunes Unz, produzido exibido no  Canal Brasil. Um curtametragem clipoético com esse poeta dos livros e da canção recitando seus poemas em lugares do Rio de Janeiro.

domingo, abril 29, 2012

FESTIPOA EM 2012

Alguns registros das atividades que Diego Petrarca participou durante a 5ª edição do FestiPOA Literária. Esse ano o evento organizado por Fernando Ramos tomou dimensões ainda maiores  e sem dúvida já está consolidado como programação literária oficial na cidade de Porto Alegre. De 18 a 28 de abril de 2012, palestras, encontros, leituras, lançamentos e sempre a Senhora Literatura em todas as suas potencialidades e possibilidades expressivas.  O FestiPOA literária teve ainda um pré lançamento e em maio terá uma programação extra. A palavra solta na saliva. 

Dia 28 de abril houve a leitura Livro ao Vivo, com Diego Petrarca, Andréia Laimer, Lorenzo Ribas e os acordes de Rodolfo Ribas na CCMQ. Dia 21 de abril ocorreu o bate papo com os poetas Diego GrandoGabriel Pardal e seus respectivos lançamentos, mediado por Diego Petrarca, na Casa de Teatro E dia 23 de abril a apresentação do Bando Hoburaco e a projeção de seus Tankas, também na CCMQ.










sábado, abril 21, 2012

NO FESTIPOA LITERÁRIA






Confira algumas atividades durante a 5º edição do FestiPoa Literária que segue de 18 de 28 de abril de 2012 em espaços culturais de Porto Alegre. 

Sábado - 21 de abril
Casa de Teatro 17h – Poesia: humor: liberdade: linguagem DIEGO GRANDO e GABRIEL PARDAL.Mediação: DIEGO PETRARCA

Segunda - 23 de abril
CCMário Quintana/Mezanino 21h - Tanka!? - leitura e projeção de textos: BANDO HOBURACO

Sábado - 28 e abril
CCMário Quintana/Mezanino 18h - Livro ao vivo. Leitura de poesia: ANDRÉIA LAIMER, DIEGO PETRARCA,LORENZO RIBAS e RODOLFO RIBAS

domingo, abril 15, 2012

PUTZPOESIA PARA DOWNLOAD




Para quem deseja baixar o programa PutzPoesia de toda sexta feira as 19:00 na http://www.radioputzgrila.com.br/, eis aqui o link para download do mais recente, que trouxe a companhia do músico improvisador Guilherme Darisbo. Toda semana no soundclub o programa mais recente estará na íntegra  disponibilizado para download.

PutzPoesia é apresentado por Cris Cubas, Diego Petrarca e Fernando Ramos.  

terça-feira, abril 10, 2012

COMENDA LOBO DA COSTA


Diego Petrarca recebeu Comenda Lobo da Costa no Museu Júlio de Castilhos no mês de março de 2012. A homenagem e evento organizados por Benedito Saldanha, contou com a participação de artistas de outras áreas culturais do nosso Estado que também receberam a Comenda. Um belo incentivo e reverência a produção cultural que acontece por aqui. 





foto de Helena Pasa









sexta-feira, abril 06, 2012

LADODENTRO ENTREVISTA - PAULO HENRIQUES BRITTO




Poeta e tradutor Paulo Henriques Britto, prima pela clareza do discurso e consegue a proeza de harmonizar uma linguagem sofisticada sem sacrificar o entendimento do texto. Autor de cinco livros de poesia, Liturgia da Matéria (1982) Mínima Lírica (1989), Trovar Claro (1997), com o qual recebeu o Prêmio Alphonsus de Guimarães, da Fundação da Biblioteca Nacional, Macau (2003), com o qual recebeu o prêmio Portugal Telecom de literatura brasileira, e Tarde, (2007), seu mais recente livro do gênero. Em 2004, lançou o livro de contos Paraísos Artificiais, estabelecendo um diálogo com o poeta francês Charles Baudelaire.

Paulo Henriques Britto cultiva as formas fixas sem perder a linguagem afiada com a contemporaneidade, é um nome de destaque da atual poesia brasileira e já traduziu autores importantes como Allen Ginsberg, Byron e Henry James . Nessa entrevista, o autor dá informações preciosas sobre o gênero poético. Confira.


Em que medida a concisão é fundamental na poesia?

Eu diria que é fundamental apenas para uma determinada tradição da poesia moderna. Há grandes poetas concisos e grandes poetas espaçosos.

Você, que atua na área da tradução de poesia de forma reconhecida, concorda com a máxima de Robert Frost: “Poesia é o que se perde na tradução"?

De modo algum. Acho que uma boa tradução pode recuperar o que há de melhor num poema. Uma das pesquisas que desenvolvo atualmente na PUC-Rio é justamente sobre a tradução de poesia, e o que tento demonstrar para meus alunos é que é possível fazer avaliações minimamente objetivas de traduções de poesia; e o que essas avaliações mostram é que há traduções excelentes. Nós temos aqui, no Brasil, um nível muito elevado de tradução poética, como as traduções feitas pelos irmãos Campos, por exemplo.

No seu ponto de vista, a geração mimeógrafo retomou as propostas iniciais do modernismo de 22: coloquialismo e agilidade no discurso poético?

Sem dúvida, a poesia marginal dos anos 70 tem alguns pontos em comum com o modernismo de 22. Só que o que em 22 era inovação nos anos 70 era mais uma reação ao formalismo das vanguardas dos anos 50 e 60. No cômputo geral, acredito que a guinada subjetivista e informal da geração mimeógrafo foi uma reação saudável; mas não dá para comparar o legado poético dos anos 70 com a produção do Bandeira modernista, do primeiro Drummond, nem sequer com o Mário e o Oswald dos anos 20.

Você é reconhecido por uma poesia clara, não hermética, é nesse sentido que a poesia sairá do altar? no sentido de aproximar o leitor?

Não acho que a poesia esteja em nenhum altar; Bandeira e os outros modernistas já trouxeram a poesia de lá há muito tempo. Mas popular, no sentido que são populares a canção popular e as telenovelas, a poesia não é mais desde o modernismo, e acho pouco provável que volte a ser algum dia. Pessoalmente, não tenho nada contra o hermetismo; acho que há ótimos poetas difíceis e ótimos poetas que não são difíceis; ninguém é hermético por espírito de porco, nem claro por vontade de se aproximar do leitor: a gente escreve a poesia que consegue escrever, não a que acha que deve ser escrita.

Mínima Lírica, seu segundo livro, de 1989, pode ser considerado um projeto de metalinguagem?

Boa parte da poesia escrita do modernismo para cá tem um forte componente metalinguístico, e não necessariamente por haver um projeto consciente neste sentido. A arte moderna, de modo geral, é metalinguística; o cinema de Godard, as canções de Caetano Veloso, o teatro de Brecht, o romance de Joyce e Cortázar... Mas se a gente parar para pensar, boa parte dos sonetos de Shakespeare tematiza a perenidade da poesia em comparação com a beleza física da pessoa amada: isso também é metalinguístico. Mas quando Camões comenta as agruras de escrever um poema épico em tempos modernos, isso também é metalinguagem, não é? Pensando bem, a arte sempre foi um dos temas centrais dos artistas, a poesia sempre foi um dos grandes tópicos da poesia de todos os tempos. O modernismo apenas acentuou uma coisa que sempre existiu. Quanto a Mínima lírica, não sei se é mais metalinguístico que a maioria dos livros de poesia de nosso tempo. Desconfio que não.

Por um lado você cultiva as formas fixas (soneto) por outro sua linguagem é despojada e contaminada de elementos modernos. Qual a medida exata dessa combinação?

A conquista do sermo humilis — a elevação da linguagem coloquial à condição de arte — é algo que veio para ficar. Num primeiro momento, a gente pensa nos modernistas de 22. Mas Auerbach afirma que o primeiro texto que eleva o cotidiano à condição do sublime, que apaga as fronteiras tradicionais entre o elevado e o baixo, é o Novo Testamento. Ou seja: a coisa não é tão nova assim. Isso, a meu ver, é um caminho sem volta: a entronização da linguagem coloquial como veículo de poesia. Quanto às formas fixas, concordo com Antonio Cícero: o modernismo contribuiu com formas novas, mas não destruiu nada. O verso livre é mais uma forma a ser explorada pelos poetas; ele vem se somar ao soneto, à sextina, à terça rima, à oitava rima e tudo o mais; essas formas antigas, porém, não se tornaram obsoletas. A única coisa que me parece irremediavelmente obsoleta é a postura de achar que é obrigatório usar uma linguagem elevada para tratar de temas elevados: a estética do sublime. No mais, os velhos temas continuam vivos: o amor, a morte, o desejo; e as velhas formas permanecem, ao lado das novas.

Em seu discurso há uma insinuação de prosa (pontuação, etc..) contida na medida em que o poema exige. Pode-se dizer que a poesia (linguagem) existe também fora do poema (gênero)?

Não sei se entendi bem a pergunta, mas concordo que pode haver linguagem poética sem forma poética: estão aí Joyce e Kafka e Guimarães Rosa e tantos outros que utilizam em prosa uma série de recursos característicos da poesia, sem recorrer aos metros e às formas estróficas e outros recursos formais da poesia.

Alguns autores que fizeram sua matriz poética e um motivo para cada qual.

Vou citar apenas uns poucos mais marcantes. Descobri a poesia aos onze anos de idade, quando morava nos Estados Unidos, e uma professora nos deu para ler Shakespeare. Daí passei para Emily Dickinson, Edgar Allan Poe e Walt Whitman. Dickinson e Whitman em particular me marcaram muito: Dickinson pela concisão, Whitman pelo ritmo e pela força bruta de suas imagens. Quando voltei ao Brasil descobri que também havia poesia em português. Foi então que comecei a ler Pessoa, o poeta que mais me marcou de todos, creio eu. Com Pessoa aprendi a ideia da construção de uma persona poética, e também que era possível trabalhar com todas as formas, antigas e modernas. Bandeira e Drummond me levaram a descobrir a riqueza da fala cotidiana brasileira — algo que aprendi também lendo o teatro de Nelson Rodrigues, que teve um impacto tremendo em mim aos dezessete, dezoito anos. Os dois últimos poetas que mexeram comigo no final do período de formação — por volta dos vinte anos — foram Wallace Stevens e Cabral. Com Stevens aprendi a trabalhar com ritmos tradicionais de uma maneira moderna, e também peguei alguns temas que se tornaram importantes para mim: a poesia sobre a poesia, a arte como substituto da religião. E com Cabral aprendi a amar a redondilha maior e as metáforas ousadas.

Em que medida a poesia é mais arte plástica do que literatura?

Para mim, muito pouco. Minha grande paixão é a música, e poesia para mim é, entre outras coisas, talvez até acima de tudo, música com palavras. Nunca consegui me interessar por poesia concreta, por nenhuma forma de poesia que enfatize o elemento gráfico. Não sou muito ligado em artes plásticas, e menos ainda em publicidade, que tanto empolgava as neovanguardas dos anos 50 e 60.

terça-feira, abril 03, 2012

TEXTO JORNAL VAIA

Confira a reprodução do texto que saiu sobre a FestiPOA Literária no jornal Vaia, edição 32, lançado em março de 2012: A palavra solta na saliva.

domingo, abril 01, 2012

FESTIPOA LITERÁRIA - A PALAVRA SOLTA NA SALIVA





Uma pergunta pertinente além de ótima pauta para um debate é a seguinte: qual o lugar da literatura para além daquilo que se convenciona como sendo o lugar da literatura? O convívio com a leitura normalmente se resume a salas de aula, bibliotecas, livrarias, na relação com o livro sempre existe um tratamento mais íntimo, particular e solitário, acompanhado de um isolamento para a fruição do texto. Esse é um dos prazeres que a prática da leitura proporciona, a captação de outro universo, outra ordem de códigos e significados em que o mundo real muitas vezes não chega a ser uma referência.

No entanto, todas as reflexões inteligentes que se façam para ressaltar o verdadeiro poder transformador da leitura nas civilizações, muitas vezes são menores do que a sobrevivência de empresas, negócios, práticas do sistema capitalista e coisas distantes aos nobres sentimentos em torno da literatura, que resiste e existe como arte, embora muitos não consigam enxergar suas verdadeiras utilidades nesse mundo, prova de uma cegueira mental que às vezes dá seus ares por aí.

Atrevo-me a responder que a o lugar da literatura é o lugar da linguagem: códigos e signos são as máquinas reais da evolução. E desde 2007 existe um evento literário em Porto Alegre capaz de alargar o tema literatura , pois celebra justamente o intercâmbio das linguagens presentes nas produções artísticas de hoje em dia. Um evento já incorporado a vida cultural da capital gaúcha cujo ponto de partida é a Senhora literatura. Justamente: a FestiPoa literária chega ao seu 5º ano consecutivo em 2012 com a marca da pluralidade e o valor das suas abordagens. Ainda não se tinha visto em Porto Alegre uma atividade literária declaradamente descontraída, que acolhe a diversidade e deixa inclusive o público a vontade, sem aquela pretensão incômoda e antipática de que literatura é para poucos entendidos, não existe a manutenção do velho conceito de que literatura é artigo de luxo. Existe sim uma profusão de informação, com repertório largo de opiniões, reflexões, visões arejadas sobre o tema literário.

Não há apenas a valorização do debate em que a ênfase está somente na leitura, a conversa vai além do livro e chega aos bastidores da escrita, ao mercado editorial, ao sistema literário, a presença do autor em carne , osso e coragem, as experimentações com a linguagem, a palavra levada ao palco, a preocupação em gerar a discussão em que se apontem novos caminhos para a literatura estar mais presente no cotidiano. E uma atenção especial em fazer com a palavra criativa comunique, dê informação através do faro estético.

A FestiPoa literária carrega em sua bagagem esse histórico da movimentação da palavra em vários suportes, palco, leitura, show e debate, exposição, não pretende veicular uma única opinião ou ponto de vista absoluto, exige o ingrediente da provocação, da diferença, do embate cultural onde se pode gerar saída para algum impasse aparentemente impossível de esclarecer. A negação do senso comum tendo em vista simultaneidade das discussões e o exercício de um pensamento dinâmico, tudo isso faz essa celebração da literatura afirmar-se na programação cultural da nossa cidade desde sua primeira edição. Já é natural que literatos e artista de um modo geral esperem a próxima temporada da FestiPoa literária, cuja programação tem ocorrido nos meses de março e abril.

O jornal Vaia poder ser considerado o irmão mais velho da FestiPoa, de certa forma o periódico funciona como uma versão impressa do evento. Do mesmo modo, reúne conteúdos literários variados e está sempre atento as novidades, lançamentos e projetos artísticos. Abre espaço para ensaios, entrevistas enormes, completas, que não deixam escapar nada sobre determinado autor, além das páginas generosas dedicadas a produção literária e poesia em suas edições, reunindo novos autores e nomes badalados.

Pode-se comparar o jornal Vaia a um dos suportes do projeto Festipoa, pois ele cumpre e veicula a mesma matéria literária e do mesmo jeito existe a despeito de qualquer padronização da área. Esse ano o jornal terá uma edição exclusiva inteiramente dedicada a 5º FestiPoa literária. Pode ariscar dizer que o jornal Vaia foi o sopro inicial desse evento literário mais eclético da cidade de Porto Alegre.

Um aspecto para mim muito importante na articulação do FestiPoa literária é aquilo que denomino como sendo hierarquia da consagração, ou seja, o critério de organização do evento não depende em momento algum da predileção do critério do autor renomado, não prioriza isso como pauta principal. E faz toda diferença. O nível de valorização do autor estreante ou mesmo sem um livro publicado convencionalmente, tem a mesma importância na execução do projeto.

Essa prática é inclusive destacada na programação, é comum, por exemplo, haver uma mesa que reúna as autoras com anos de carreira e publicado inúmeras vezes por uma editora de circulação nacional, junto com o jovem que recém publicou seu primeiro livro por uma gráfica regional. Evidentemente a atenção do público pode estar concentrada no autor renomado, no entanto, a surpresa do diálogo possível entre os dois nomes certamente será curiosa e inusitada: dessa aproximação pode haver uma nova informação, um choque de ideias, um faísca de gerações diferentes que tem em comum o ofício da escrita, com diferentes referências. Esse modo de formatar o evento é uma característica singular do FestiPoa, sem aquela típica ostentação ao nome ou tema consagrado.

A FestiPoa Literária é efetivamente a festa da literatura em Porto Alegre, sem perder a consciência da festa como celebração, como brinde e exaltação ao tema literário, desapegada a preconceitos ou regras excludentes: o público é parte integrante da programação tanto quanto a obra destacada ou o artista reverenciado. O público é organismo da festa e não enfeite. Em tempos felizes de fomentação e veiculação da leitura, desde ONGS a iniciativas públicas e privadas para a propagação da leitura, a FestiPoa é um brilho a mais na continuidade da difusão da leitura em nosso estado.

O evento organizado e produzido pelo agitador cultural Fernando Ramos, um nome de destaque e empenho em nome da literatura, cujo encantamento está no esforço deliberado em fazer a coisa acontecer de fato. Fernando Ramos é a medula e osso do evento, por causa do seu esforço o evento transformou-se numa importante atividade cultural que destaca a produção contemporânea literária. Agora com a parceria do Cabaré do Verbo e com o prêmio de destaque Fato Literário 2010, a FestiPoa já contou com a participação de autores e artistas regionais e de expressão nacional., Para citar alguns nomes: Marcelino Freire, Laerte, Antonio Cícero, Ademir Assunção, Rodrigo Garcia Lopes, Nelson de Oliveira, José Castello, Luíz Horácio, Nicolas Behr, Wladimir Cazé, Antonio Carlos Secchin, Virna Teixeira, Zeca Baleiro, Xico Sá.

A prática de contar a cada edição com um homenageado local trouxe ao FestiPoa a participação luxuosa de João Gilberto Nool, Luís Fernando Veríssimo e Sérgio Faraco. Os autores cara a cara com o público, respondendo perguntas, apresentando ideias, lendo ao vivo em voz alta seus textos, trazendo a literatura para fora de casa, permitindo uma relação coletiva com a palavra escrita, percebendo outros tratamentos para a prática literária, lembrando o movimento Beat e suas longas apresentações com leituras e conferências abertas sobre poesia e criação, fazendo a literatura atuar nos palcos, nas mesas das livrarias, nos bares e teatros (renovando, portanto, a ambientação para a prática literária) tornando a palavra viva e não escondida nas prateleiras, desafinando o coro repetido dos contentes e bagunçando um pouco a velha ordem do exercício solene da literatura, tornando-a linguagem crua e alcançando públicos maiores, integrada a música, artes plásticas, teatro, performance, a literatura espelhada em outras expressões artísticas, tudo ao mesmo tempo agora.

O êxito declarado do Festipoa já tem razão de ser. Promove inúmeras questões sobre a veiculação da literatura. De cara, traz à tona a renovação dos meios por onde pode circular o texto. Além disso, diz respeito também a relação obra, autor, público, os suportes por onde corre a palavra escrita, a literatura enquanto exercício não especificamente intelectual, as inúmeras práticas possíveis com a palavra criativa e as confluências realizáveis com outras áreas. Tudo isso é tema para o FestiPoa, a festa da palavra solta na saliva.


Publicado originalmente no Jornal Vaia - Março de 2012

domingo, março 25, 2012

REVISTA VOX

Saiu a nova edição da Revista VOX, editada pelo Instituto Estadual Do Livro e coordenada por Tailor Diniz. Entre preciosas colaborações, tem um poemeu na página 48, confira.





sexta-feira, março 23, 2012

INSTITUTO ESTADUAL DO LIVRO



Diego Petrarca une-se à Associação Lígia Averbuck, que apoia o Instituto Estadual do Livro, em sua campanha para atrair novos sócios, divulgar a literatura do Rio Grande do Sul e formar leitores. Produzidos pela Cubo Filmes e dirigidos por Pena Cabreira, os vídeos somam-se às peças gráficas e spots de rádio da campanha elaborada pela agência Competence.

quinta-feira, março 22, 2012

DIEGO 32

20 de março de 2012 - Amigos e família (parte) no restaurante Via Imperatora, ao lado de casa, comemorando meu aniversário. Abraços , brindes e discurso. Grato a todas as imprescindíveis carinhosas presenças.


BRUTA AVENTURA EM VERSOS



Trailler do filme Bruta Aventura em Versos, sobre a poeta Ana Cristina César, que foi exibido dia 20/03 as 19:00 no Cine Bancários. Um belo documentário sobre essa autora que entrou pelos sete buracos da minha cabeça. Em abril o filme retorna na programação do cinema. Direção: Letícia Simões.

segunda-feira, março 12, 2012

PELA BEIRA


O poema Pela Beira foi publicado hoje em ZH, dia 12 de março de 2012, dia em que o escritor beat Jack Kerouac faria 90 anos. O poema saiu acompanhado de uma frase do autor de Pé na estrada. Pela Beira concentra um misto de biografia visual e um modo de passear de ônibus com um "exercício de relax".


quarta-feira, março 07, 2012

LADODENTRO ENTREVISTA - ARMINDO TREVISAN




Confira a entrevista inédita com o poeta, professor e especialista em arte, Armindo Trevisan, uma das forças culturais em nosso estado. Com direito a uma recomendação  que o escritor faz sobre suas próprias respostas.

Leiam minhas respostas COM CALMA, embora elas tenham sido escritas às pressas. Gostaria de ter mais tempo. Com 77 anos, a gente só tem tempo para os familiares e amigos. Para a saudade dos entes queridos que se foram. E se a gente não é louca: para a oração!
Ciao, Diego!


Poesia e Religiosidade, existe uma relação pertinente entre elas? 

A poesia nasceu dentro do mito. Leroy-Gouhran, pesquisador da pré-História, pensa que as imagens das cavernas de 17.000-20.000 anos a. C., ou mais, não são compreensíveis sem danças rituais ou iniciáticas que, na época, eram realizadas no seu interior, com o objetivo de facilitar a caça de animais. Ou, simplesmente, para abastecer o inconsciente coletivo.O importanto é que o ritmo domina tais imagens, do que se deduz, também, que possivelmente eram acompanhadas com batidas de mãos, movimentos de dança e brevíssimos refrões repetidos pelos partipantees? Tais palavras seriam os gerrmes da poesia. A lei da repetição, básica para a poesia, já estaria ali. É lógico que mais tarde, nas religiões constituídas, a poesia entrou em cheio. Pensemos nos textos sumérios e egípcios que a arqueologia desenterrou.Pensemos nos textos da Bíblia, antiquíssimos.Que dizer, então, da poesia cristã, que já se manifesta nos Hinos Litúrgicos do tempo de Santo Ambrósio, um de seus iniciadores, que Santo Agostinho rememorou com saudades no seu livro Confissões!

 Como se lê Poesia?

Poesia não só não é prosa; é antiprosa! A base da poesia é o verso, que não existe sem repetição. Noutras palavras, que não existe sem ritmo. Seria preciso voltar a ensinar a leitura poética nas escolas. As crianças adoram poesia quando descobrem que ela é rima, sonoridade, fantasia...Os adultos, que dizem com soberba que não gostam de poesia, são, em geral, pessoas que não tiveram uma infância completa, com mais sensibilidade e fantasia.A nossa sociedade, insistindo demais nos efeitos especiais dos filmes, da vida, do sexo, do comportamento no trânsito, nas festas de doideira, causa prejuízos à psicologia dos jovens. Tornam-se grosseiros, debochados, metidos a machões. Minha opinião é que a baixaria, em geral, ou sempre, não presta.. Maior polidez, reserva, elegância, nos aproxima da poesia, dos homens,de Deus.

Filosofia e Poesia são irmãs siamesas?

De acordo! Desde que a Filosofia desça um pouco de seus saltos altos...O mal da filosofia é levar-se excessivamente a sério. Quando o filósofo arrebita o nariz , e toma uns ares de que sabe tudo porque é capaz de manipular todas as palavras, a filosofia desmorona. Ela soçobra! A boa Filosofia, a grande Filosofia, respeita a poesia, e até se inspira nela.Heidegger viu isso.O jovem poeta precisa ler grandes filósofos. Também filósofos da linguagem, como Gaston Bachelard.

Quais as novidades na sua poesia?

Isso não cabe a mim. A Bíblia diz: "Seja outro a falar de ti!" Obviamente, a Bíblia quer excluir elogios infundados...de culto à personalidade. A vaidade é ruim para qualquer poeta, principalmente para os bons..Não sou muito de novidades. Como apreciar novidades se os homens falam desde que se tornaram humanos? É preciso pensar mais na tradição, no que herdamos dos grandíssimos poetas do passado. Até porque sobrevalorizamos os poetas de hoje. É uma de gênio para cá, de gênio para lá, etc.Não temos tantos gênios como se afirma por aí. Harold Bloom fez uma lista de 100 Gênios, e eu pessoalmente, nem sempre estou de acordo com a lista dele. Existem poetas - e romancistas - que não entram no gosto popular, nem na mídia. São gênios de verdade. Gênios, porém, ignorados! Gênios esnobados...

E os temas eróticos na Poesia?
Diego, vou te contar uma anedota famosa. Diz-se que um indivíduo perguntou a Aristóteles porque todo o mundo gosta de mulheres bonitas, de casas bonitas, de flores bonitas, até de nuvens bonitas - era o caso do Quintana! Bem, o Aristóteles, que era tudo, menos um filósofo de salto alto, respondeu com indesculpável bom senso:"Mas, meu filho, essa pergunta só pode ser feita por um cego..."

Quanto ao rebuscamento de linguagem na poesia: até que ponto deve haver?

Rebuscamento é uma coisa, busca de linguagem aprimorada, sonora, capaz de produzir explosões imaginativas e emotivas, é outra. Sou um apaixonado pela linguagem precisa, a que diz mais com menos.O arquiteto Mies van der Rohe ficou famoso com sua frase: "O menos é o mais!" É verdade que aprecio também a linguagem barroca quando não é farfalhuda, chocha, efervescente. Existe uma linguagem barroca que é uma maravilha! Mas, refletindo sobre isso, acrescentaria: São poucos os escritores barrocos da atualidade que me encantam! Um García Márquez? Sem dúvida. Um Guimarães Rosa? Também. Mas Guimarães Rosa já é para os membros da Confraria do Vinho dos Cavaleiros de Tastevin. Quantos s]ão capazes de degustar Guimarães Rosa? A maioria faz de conta. Em relação a Joyce e outros, nem falemos.São relativamente raros os leitores que têm cacife para lê-los. Em termpo: será que esses tais gênios barrocos não se enfatuaram um pouco? Será que não se embebedaram consigo mesmo?

Deus, uma licença poética?

Por favor, Diego, não me...aporrinhe! Perdoe-me a expressão. Não gosto de ofender, ou diminuir as pessoas. Foi a primeira pergunta sua que me desagradou. Não se pode falar de Deus assim. Está na moda, agora,que todo o mundo é expert em Deus!! Nunca imaginaei que a Escritura teria tantas confirmações de uma sua sentença sálmica: "Diz o insensato no seu coração: Não há Deus". Deus não é nenhuma licença poética, nem outra invenção humana. fNão nos explicamos sem Ele. Nem sem Ele podemos encontrar aquele mínimo de felicidade que buscamos. Se alguém está convicto de que Deus não existe, desconfie ao menos de si, da possibilidade de estar equivocado. Não se apresse. A vida pode reservar-lhe surpresas, encontros, descobertas.Sobretudo, pode reservar-lhe um insight. Onde? Numa esquina. num bar, numa alcova... Caso não haja insigth, a criatura humana deve suspeitar que Ele, por ser Amor, dará um jeito de não estar ausente a nenhum homem, não digo na hora da morte, mas na hora mais decisiva de sua vida. Pode ser na hora de uma paixão, de um amor arrasador, mesmo de natureza corporal! Tenhamos a humildade de deixar o horário à escolha Dele! E, naturalmente, tenhamos a humildade muito maior de dizer, alguma vez na vida: "Gostaria de Te conhecer mais!"

Poesia - escrita ou oral?

As duas! A poesia nasceu como oralidade. A poesia escrita é uma decorrência da invenção da escrita.Uma forma de guardá-la viva, não numa gaiola, mas num beiral, na rua, numa mesa, na areia do mar...Pode-se encontrar um poema escrfito até numa toalete. Quando se encontrarem espécimes de poesia verdadeira em tais lugares, enchamos os céus de Porto Alegre de foguetes! Haverá um pouco menos de grosseria na capital, um pouco menos de agressividade e violência, de loucura e ganâncias entre nós. Escrever poesia é um ato de respeito para com os outros. Imaginem vocês se alguém não tivesse escrito as partituras de Mozart e de Beethoven? Eu morreria de tristeza!


*Publicada originalmente para o projeto Poemas no Ônibus.