sexta-feira, junho 06, 2008

AGUILAR, QUAL É A TRANSA?

Marcamos com Aguilar no domingo, 13:30 da tarde. Chovia em São Paulo enquanto atravessávamos a avenida paulista, descendo a rua atrás do Masp em direção a casa de Aguilar. Fomos recebidos pelo grande artista performático e pré-formático e seu cão Baskea. Ficamos na sala junto aos enormes quadros das cores vibrantes do traço de Aguilar. Ele nos mostrava seus livros, me presenteou com o vinil da primeira formação da Banda Performática, de 1982, quando a equipe era formada por Arnaldo Antunes, Lanny Gordin, entre outros.

Aguilar nos apresentou seu acervo raro de performances dos anos 80, como o concerto em que tocava piano com luvas de boxe, e Arnaldo Antunes e Go com extintores de incêndio. Também nos mostrou uma entrevista recente em que acabou por responder boa parte das perguntas que eu havia preparado. O vídeo caseiro em que Aguilar filma Arnaldo Antunes na casa azul (onde moravam no início dos naos 80) dentro de uma banheira cheia com papéis boiando e dizendo poemas com a artista plástica Go cantando ao fundo, foi uma surpresa genial. Depois das exibições de vídeo Aguilar sentou, acendeu seu cigarro e falou com a gente sobre Hélio Oiticcica, Jorge Mautner, José Agrippino de Paula, e outros nomes.

Descobri que sua primeira atividade artística não era a de pintor nem performer, como imaginei, mas a de escritor, e mais ainda: de poeta. Aguilar iniciou como poeta, e de modo violento: destinando sua produção a fogueira. Perguntei sobre suas influências criativas, seus novos projetos. Sempre um despojamento ao falar e ao perceber nossas curiosidades, Aguilar agitou a cena cultural paulistana a partir dos anos 80, seus discos com a Banda Performática é um projeto de uma vitalidade musical/plástica/poética espantosa, e as apresentações deixam clara a proposta nonsense aliada a cores, vozes, sons e ruídos. As canções dos discos da banda são peças cênicas, o canto de Aguilar é a récita de um discursso poético, fala do canto que grita, entre outras frases estandartes: qual é a transa?!


Depois Aguliar nos convidou para irmos até seu Ateliê e nos apresentou sua nova série de quadros e no presenteou com o cd da recente formação da Banda Performática. Outra das nossas visitas planejedas, conhecer Aguilar é entender que a obra de arte é tinta tela fala som corpo num único organismo explodindo juntos, e que o risco é ponto de partida para a invenção. Portanto, nunca poderei deixar de perguntar: Aguilar, qual é a Transa?