sábado, julho 21, 2007

REVISTA TEIA


A revista Teia de Poesia foi lançada no dia 12 de julho, no terceiro sarau do grupo na Casa de Cultura Mario Quintana, que vai acontecer, quinzenalmente até dezembro de 2007. O blog aqui apresenta a capa da revista que conta com 20 poemas, 4 de cada integrante do Teia.

Poemas de:

Carla Laidens: Leve - Inexisitir - Palavras escondidas - Esvoaçar
Diego Petrarca: Réstia - Desde ontem - Castanho - No meio da casa
Lorenzo Ribas: O filho que me dou - Meu reflexo - Eleve- Dói a palavra
Mauricio Chemello: Aqui estou - El angel que vive em mí - Isto não está acontecendo - Quero que olhes
Telma Scherer - Estou esperando o ladrão - Rua João Pessoa, 165 (excertos) - Um homem é um oco: um foco em zona indefinida


Confiram a Revista Teia, são apenas 100 exemplares!

domingo, julho 15, 2007

SARAU TEIA DE POESIA CCMQ




Agende-se, programe-se. O sarau do grupo Teia de Poesia está com as datas todas até o fim do ano. Cada sarau, cada tema, cada data. Tudo está no cartaz.

O grupo Teia de Poesia também está com programação no projeto Solte o Verbo no Centro Cultural Érico Veríssimo, abaixo o link:


Além disso, dia 21 de julho tem sarau na Palavraria e dia 03 de agosto, o Teia de Poesia fará parte da programação cultural da Saraiva Meg Store.

Evoé Teia!

domingo, junho 24, 2007

FULLGÁS - MARINA E CAETANO

FULLGÁS - 2


Em 1986, Marina Lima e Caetano Veloso se reuniram pra cantar a canção Fullgás no programa Chico & Caetano. Fullgás é uma perceria de Marina com seu irmão Antonio Cícero, poeta musical e erudito. Esse vídeo é de uma lindeza sem conclusão. É só conferir acima. Delícia pros olhos e ouvidos.



quarta-feira, junho 13, 2007

GRUPO TEIA




O Grupo poético Teia de Poesia (foto linda acima) inicia suas atividades programadas na Casa de Cultura Mario Quintana até meados de novembro. Serão ministradas oficinas de literatura com os integrantes do grupo e uma agenda de Saraus. Confira abaixo as datas das oficinas com cada membro e sua proposta e logo depois as datas do Sarau. Durante o ano, estão programadas também atividades no centro Cultural Érico Veríssimo.







 QUE CHAMA  DISSO
Miante: Diego Petrarca
Data: 05/7/20à 06/09/2007 (inscrições e informações na Central de Informações)
Local: Sala de


PRÉ-ESTRÉIA DRAU LITERÁRIO

Dia 14 de junho, às 19h, no Acervo Mario Quintana - mezanino É um encontro no qual acontecem leituras de textos poéticos, geralmente relacionados com um tema. O público é convidado a ler e a apresentar os seus poemas. Há vários fios condutores possíveis, várias vozes, e o resultado é sempre um debate poético em teia. O contato com outras expressões artísticas comumente integra o sarau, tais como exposições de artes visuais e apresentações de música, dança e teatro.

Coordenação Grupo Teia de Poesia

Datas: 28 de junho; 12 e 26 de julho; 9 e 23 de agosto; 06 e 20 de setembro; 4 e 18 de outubro e 01, 15 e 29 de novembro.Horário: Das 19h às 22h
Entrada Franca

domingo, junho 10, 2007

MONTAGEM CÊNICA




O projeto BEATRIZ venceu o concurso Palcohabitasul de Montagem Cênica.depois de ganhar a votação pela web, teve a vitória confirmada pela avaliação do “júri técnico”.Sinopse: Espetáculo de dança-teatro lírico e bem humorado sobre uma pessoa lidando com o passar do tempo, seus sentimentos, questionamentos e desejos. Inspirado nas poesias Domingo (Gerusa Marques Figueira) e Cabelos Molhados (Diego Petrarca) e no conto A beleza e a tristeza (Jeferson Tenório) e criado através de uma pesquisa corporal e vocal partindo das ferramentas e particularidades da atriz/bailarina (dança contemporânea, dança aérea e teatro).

Ficha técnica: Roteiro / Coreografia / Elenco: Fernanda Carvalho Leite Direção de atuação: Deborah Finocchiaro Bailarino Convidado: Eduardo SeverinoTrilha Sonora (Música original): Guenther AndreasFigurinos: Vivi GilIluminação: Fabrício Simões Cenotécnico: Juliano RossiProdução: Daniela OliveiraArte Gráfica: Fred Messiasa estréia acontece em dezembro, no Theatro São Pedro. Clique no título dessa postagem e entre na comunidade de BEATRIZ.


terça-feira, junho 05, 2007

OUTONO INVERNO


Na última quinta-feira, dia 31 de maio, o jornal Zero Hora publicou o poema Outono Inverno, de Diego Petrarca, no Almanaque Gaúcho, penúltima página do jornal. O blog reproduz o recorte da página pra quem não leu. Diego participou dessa coluna também em outros anos, com poemas diferentes. Outono Inverno é recentíssimo, da nova safra. Amplie o recorte para uma melhor leitura.




domingo, maio 13, 2007

OBRA DE ANA C.




Ana Cristina Cesar e o que ela escreveu e o que já saiu sobre ela.

Cenas de Abri, poesia - 1979
Correspondência Completa, prosa poética - 1979
Luvas de Pelica, poesia - 1980 (publicado na Inglaterra)
A Teus Pés, poesia - 1983 (Incluí os 3 livros de poesia)
Literatura Não é Documento - Tese de Mestrado - 1979
Inéditos e Dispersos, poesia - 1998
Correspondência Incompleta - Cartas - 1999
Escritos no Rio - Ensaios - 1993
Escritos na Inglaterra - Ensaios - 1993


Sobre Ela
Ana Cristina Cesar - Perfis do Rio - Italo Mariconi - 2001

LOBÃO É LUZ DEMAIS






Na última terça-feira, dia 08 de maio, o compositor Lobão, referência evidente do Brock e agora também da MPB, esteve em Porto Alegre para a divulgação do seu mais novo disco, acompanhado do DVD: Lobão Acústico MTV.

Diego Petrarca, a convite de Fabio Godoh, que marcou a entrevista, juntamente com Marcelo Noah, Fernando Nogueira, além da fotógrafa Charlene, conversaram 1 hora com Lobão sobre música, MPB, Julio Barroso, seus 132 processos, rock gaúcho, Caetano Veloso e outras mumunhas mais.

Em junho ele estará apresentando seu show em Porto Alegre. Lobão, que atravessou os anos 80 rabelde e polêmico e nos anos 90 ficou correndo por fora e levantou a bandeira da música independente com seu Universo Parelelo, renasce agora mais vivo, mais lúcido e deslumbrantemente ainda mais inteligente nesse 2007 de agora.

No fim da entrevista Lobão recitou Luz Demais  poema de Diego Petrarca lindamente veiculado na garganta poderosa do maestro Lobão, logo após ter recebido das mãos dos produtores Fabio e Marcelo o magnífico Trinta em Transe.

Abaixo trechos da entrevista:


"A contradição é a mãe da inteligência".

"Ser taridor do seu próprio reino, ser traidor do seu próprio sexo, ser traidor do seu próprio meio, da sua maioria. A vida é doce."

"Os Doces Bárbaros em 1976, todo mundo de ccabelo no sovaco, já rolando aquele punk... e nós achando que aquilo era vanguarda..."

"Poesia concreta musical, não gosto. Isso é muito bobo..."

"Eu gosto do texto corrido, discursivo. "

"O Julio Barroso era o maior exemplo de ruptura da qual eu sempre me refiro...
Ele tinha um dente quebrado que ele cultivava, ele falava:
- Quebrei chorando pelo Lennon."

"Nunca ouvi um disco do Cazuza, nunca ouvi um disco brasileiro naquela época a não ser o meu"

"O Noite foi o início da minha composição integral de disco."

"Cachorro Grande é a melhor performance do rock brasileiro atual."

quarta-feira, abril 18, 2007

REVISTA MTV 71




A Revista MTV traz na edição de abril este poema de Diego Petrarca na sessão You Paper, espaço para a criação alternativa. A foto ao lado é de outro artista genial da cena paulistana. Confiram o poema aqui no blog, porque a Revista MTV agora é só para assinantes.

sexta-feira, abril 06, 2007

ESTRELA, ESTRELA



Estrela Leminski
Lindeza Absoluta, resoluta
Filha de Paulo Leminski e Alice Ruiz
Nasceu em 7 de março de 1981
Tem 26 anos
Um livro de poesia lançado em 2003: Cupido, Cuspido, Escarrado
É baterista da banda Casca de Nós (bateria e zabumba)
Lançou em 2006 o cd Música de Ruiz
Tem o blog http://leminiskata.blogspot.com/
Publicou o livro CONTRA-INDÚSTRIA, um raro material sobre a cena independente no Brasil que traz um novo paradigma.

Confira e respira:
http://www.musicaderuiz.art.br/


Ímpar ou Ímpar
Letra: Paulo Leminski
Música: Estrela Leminski

Pouco rimo tanto com faz.
Rimo logo ando com quando,mirando menos com mais.
Rimo, rimas, miras, rimos,
como se todos rimássemos,
como se todos nós ríssemos,
se amar (rimar) fosse fácil
Vida, coisa pra ser dita,

como é fita esse fado que me mata.
Mal o digo, já meu siso se conflita
com a cisma que,
infinita, me dilata

POEMAS DE EUCANAÃ FERRAZ

Eucanaã Ferraz é autor de "Martelo" (1997), "Desassombro" (2002), "Rua do Mundo" (2004), entre outros livros de poesia. Organizou "Letra Só", livro de letras de Caetano Veloso (2002), e "Poesia Completa e Prosa", de Vinicius de Moraes (2003).

Tem poemas publicados em revistas especializadas (Brasil, França e Portugal). Participou da antologia Esses poetas - uma antologia dos anos 90, organizada por Heloísa Buarque de Hollanda (Rio de Janeiro: Aeroplano, 1998).
Participou de várias encontros de poetas, entre eles a I Bienal Internacional de Poesia de Faro, Portugal, 2001; e o II Encontro Internacional de Poetas na Ilha de Porto Santo, 2002 (Região Autônoma da Madeira, Portugal).
Professor de Literatura Brasileira na Universidade Federal do Rio de Janeiro, onde obteve título de mestre com a dissertação Drummond: um poeta na cidade, em 1994, e se doutorou com a tese Máquina de comover: a poesia de João Cabral de Melo Neto e suas relações com a arquitetura, em 2000.



ACONTECIDOComo quem se banhasse
no mesmo rio
de águas repetidas,
outra vez era setembro
e o amor tão novo.
Iguais, teu hálito mascavo
e minha mão inquieta.Novamente o quarto,
a praça vista da janela,
teu peito.
Depois eu era só - vê -
sob a chuva miúda daquele dia.

FURTO

Imagina que
um rapaz,
rapace, te roubasse o nome.
Tua carne, então, era só melodia.
Ainda que os espelhos
contassem teus olhos e cabelos,
seguiria teu segredo,
intacto,
nas mãos do ladrão.Serias não mais que
uma coisa bruta: a felicidade.
E, sobre ela,
um pássaro pousar
pudesse.

PARA MANUEL BANDEIRA

Também é o becoo
que vejo.
Mas adivinho a Glória,a baía, o chão do horizonte.
E sei que,
no escuro,
o bico de um barco me olha.

FIGURA

A sorte
precária de uma luz
em meio à sombra
que tudo amesquinha.
Cada coisa sabe disso - o livro,
o prato, a fruta - e diz.

DESEJO

Que venham as flores, o doce,
a blandícia e o azul
mais que azul
das calmarias.
Ainda assim, sonharemos - secretos - com
beijar a boca das espadas.



segunda-feira, março 26, 2007

EVOÉ ALVIM




O Poeta Francisco Alvim começou em 1968. Nasceu em Araxá, Minas Gerais, em 1938. Além de poeta é também diplomata. Seu primeiro livro foi lançado quando o autor tinha 30 anos: Sol de Cegos, no ano espinhoso de 1968. De volta da França no início dos anos 70, passou a integrar movimentos de poesia independente (mais tarde conhecida como a chamada poesia marginal) ao lado de outros nomes notáveis como Chacal, Cacaso, Geraldo Carneiro.

Sua poesia, de filiação modernista, foi influenciada pelas obras de Carlos Drummond de Andrade e Manuel Bandeira, além de Oswald de Andrade, com quem tem em comum os versos sintéticos e bem-humorados. Aliás, a citação e a paródia de poetas modernistas, assim como o coloquialismo, são traços marcantes no trabalho dos chamados poetas marginais, da qual Alvim fez parte. Em 1974, ele lançou Passatempo, dentro da coleção Frenesi.

Teve poemas incluídos Antologia de Poesia Marginal, organizada por Eudoro Augusto e Bernardo Vilhena na revista Malasartes, em 1975, e em 26 Poetas Hoje, antologia ordenada por Heloísa Buarque de Hollanda em 1976.

Alvim ganhou o prêmio Jabuti de Poesia, concedido pela Câmara Brasileira do Livro, em 1982, por Passatempo e Outras Poesias, e em 1989 por Poesias Reunidas: 1968-1988.
Sua obra mais recente é Elefante, de 2000.

Não há muito, a editora Cosac&Naif editou seus poemas numa edição de luxo (assim como fez com outros autores dessa geração) dando um panorama geral e talvez definitivo da sua produção poética ao longo de 30 anos. Poemas de 1968 até 2000.

Francisco Alvim pertence ao primeiro time do que veio a ser a equipe de frente do movimento de poesia a margem dos anos setenta. As primeiras edições, os primeiros trabalhos publicados que caracterizaram a produção dessa época, teve Alvim como um dos primeiros representantes.
Sua dicção poética também manteve-se firme e coerente com a proposta defendida pelos poetas marginais: como a ironia, a livre exposição de forma, a brevidade, o desbunde linguístico, numa volta radical as primeiras propostas modernistas de Oswald.

Francisco Alvim é redescoberto nessa nova antologia, ou não redescoberto, mas trazido a tona com sua obra fundamental para entender a variadade de estilos que caracterizou a poesia Brasil anos 70. Das várias vozes, de todos os quase-poemas e dos poetas que permaneceram daquela geração, Alvim é figura de destaque.

domingo, março 25, 2007

FRANCISCO ALVIM

MANHÃ DE SOL com AZULEJOS

Tudo se veste da cor de teu vestido azul

Tudo - menos a dona do vestido:
meus olhos te passeiam nua
pela grama do campo de golfe
Uma curva e eis-nos diante de meu coração
Não amiga não temas meu coração;

é apenas um chapéu surrado
que humildemente estendo
para colher um pouco de tua alegria
de tua graça distraída de teu dia

1968 - Sol dos cegos

sexta-feira, março 23, 2007

MASSA REAL

Massa real

(Caetano Veloso)

Hoje eu só quero você
Seja do jeito que for
Hoje eu só quero alegria
É meu dia, é meu dia
Hoje eu só quero amor
Hoje eu só quero prazer
Hoje vai ter que pintar
só quero a massa real
É o meu carnaval
Hoje eu só quero amar
Hoje eu não quero sofrer
Não quero ver ninguém chorar
Hoje eu não quero saber
De ouvir dizer que não vai dar
Vai ter que dar, vai ter que dar
Esse é o meu carnaval
Vai ter que dar, vai ter que dar
Só quero a massa real

DOIS CONCRETOS








Por Décio Pignatari


domingo, março 04, 2007

POETAS E A INDEPENDÊNCIA

MOCIDADE INDEPENDENTE




Pela primeira vez infringi a regra de ouro e voei pra cima sem medir mais as conseqüências. Por que recusamos ser proféticas? E que dialeto é esse para a pequena audiência de serão? Voei pra cima: é agora, coração, no carro em fogo pelos ares, sem uma graça atravessando o Estado de São Paulo, de madrugada, por você, e furiosa: é agora, nesta contramão.

Ana Cristina Cesar/A teus pés - 1983.

domingo, fevereiro 25, 2007

NOEL - O POETA DA VILA



O filme Noel, o poeta da Vila, ainda não estrou nacionalmente, provavelmente em março ou abril deste ano de 2007 ele estará nas telas de todo país. Mas em janeiro agora pude assistir dentro de uma mostra internacional de filmes inéditos esta obra reveladora da personalidade artística e pessoal deste nobre poeta da nossa canção popular.

O ator carioca Rafael Raposo (carioca iniciado no teatro) incorpora, até fisicamente em função da característica singular do queixo de Noel, o compositor fluminense de um modo muito claro e consistente para se ter uma ideia de como agia, falava, pensava o poeta da vila. Até mesmo na sua forma de compor, de escrever, de se inspirar e de se relacionar com amigos, mulheres e boêmia. Todos esses aspectos são ricos dentro do filme. Noel Rosa é apresentado como um artista da vida, sensível e elegantemente malandro, apaixonado e constantemente inspirado. A cinebiografia é exemplar em reconstruir Noel e trazê-lo de volta ao centro, afinal Noel Rosa evoluiu o nosso samba e criou uma linguagem fundadora do conceito do samba brasileiro. Se a poesia flertou com o samba, Noel é responsável também, em letras que escritas no papel desvinculadas da melodia, são verdadeiras crônicas da vida carioca e de um lirismo universal.

O filme mostra Noel conhecendo outro sambista notável, Ismael Silva, sua forma de vender sambas, de ir até ao morro, e se infiltrar no núcleo do sambistas para se mostrar. Assim como a convivência com a tuberculose e suas paixões fulminantes, mote de muitos belos sambas e textos. O diretor paulista Ricardo Van já havia dirigido um curta-metragem sobre Noel, agora a vida desse gênio está num longa definitivo e absolutamente comovente. Toda beleza que Noel produziu e toda sua fluência musical/poética é extraída da sua rotina carioca de noites, cabarés, porres, numa mescla de burguesia e lapa, de malandragem e elegância e ternura nas paixões. Camila Pitanga interpreta o seu grande amor. Noel também é mostrado na Rádio Nacional, gravando e produzindo sambas eternos.

Vi e me encantei. Noel poeta e Noel pessoa. Noel da Vila Isabel.

ROBERTO PIVA





Sim, há leitores que, há pouco mais de quatro décadas, engalfinharam-se em livrarias por uma obra de poesia. Era 1963 e a pequena editora Massao Ohno lançava "Paranóia", livro que, com acidez e liberdade estética, como dito e repetido desde então, perfazia a gênese da cidade de São Paulo, a uma vez louvando e maldizendo suas ruas e avenidas. Lançava-o para vê-lo esgotado em duas velozes semanas. Roberto Piva, seu autor, era então um jovem recém-passado dos 20 anos, muito diferente do senhor que agora vê suas obras quase completas relançadas pela editora Globo. Afora uma e outra desejável omissão, seus poemas ressurgem reunidos em três volumes, o primeiro dos quais, "Um Estrangeiro na Legião", O segundo tem previsão de publicação ainda para este ano, e o terceiro, que inclui o mais místico (ou "xamânico", como ele define), "Estranhos Sinais de Saturno", sai em 2006.

Os leitores da década de 1960 sem dúvida, em matéria de poesia, os que mais se aproximariam do que se pode chamar de "fanáticos"-- talvez se entristecessem ao ver Piva trancafiado em seu apartamento na Santa Cecília, já descrente da vida que pulsa nas ruas. Das ruas, segundo denunciam suas janelas fechadas e empoeiradas, só lhe alcança o som das buzinas. Das calçadas, quem sabe, um ou outro leitor, um ou outro aspirante a poeta, a tocar-lhe de surpresa o interfone. Solitário, Piva se cansou da cidade em cujas praças e parques despejou seu verbo e, não fosse a falta de dinheiro, já teria se retirado para morar "no meio do mato, num sítio qualquer", em suas mais apoéticas palavras. "Não sou um poeta da cidade; sou um poeta na cidade", retifica o paulistano de nascença, para possível aflição dos que nele leram o Walt Whitman desta metrópole ou o Rimbaud de um céu mais cinzento.Resta-lhe, entretanto, ainda que por vezes com amargura semelhante, ler os poemas que retira das pilhas de livros que ocupam seu apartamento, de Murilo Mendes a Federico García Lorca, passando por Dante Alighieri. E resta-lhe também, quando atiçado, conversar sobre eles e sobre ela, sua fiel companheira, a poesia."A poesia, dizia André Breton, é a mais fascinante orgia ao alcance do homem. E Freud explicava que ela liberta as nossas tensões psíquicas", ensina Piva, aproveitando para explicar o modo como lhe sobrevêm os poemas. Escreve em "iluminações", em "surtos", que curiosamente acumulam-se em intervalos de 12 em 12 anos. Os três volumes que a Globo lança agora correspondem justamente a seus três principais surtos, como explica Alcir Pécora, organizador da publicação.O primeiro, "de viés beat, whitmaniano e pessoano"; o segundo, "de traços psicodélicos e experimentais"; o terceiro, "místico e visionário", todos nas palavras de Pécora. A poesia tem de ser assim, em surtos? "A minha poesia tem de ser assim", responde Piva. "Ou melhor", corrige, após segundos de silêncio, "é assim".Em todos os seus surtos existiria a mesma necessidade de transgressão que havia no primeiro? "Não, depende do ritmo, da iluminação do momento, da contemplação. Poesia não é coisa programada", anuncia, para novamente deixar imperar o silêncio enquanto pensa. "A poesia não é lógica. É analógica", despeja.Mas é um instrumento adequado para combater "as odiosas convenções sociais", como anunciara no posfácio de "Piazzas", que praticamente constituía um manifesto de suas intenções, éticas ou estéticas? "Sim, desde que não seja engajada e programática". E emenda: "poesia, como dizia Octavio Paz, é uma arte minoritária. E uma minoria deixa de ser minoria quando tem a posição transgressora correta".O silêncio volta a protagonizar o ar do claustrofóbico apartamento. O mote da conversa talvez estivesse, de fato, exasperado. Talvez não merecesse mais palavras ditas. Piva, no entanto, tem algo mais a pontuar, quem sabe conferindo sentido e redenção a tudo aquilo: "A poesia é um caminho que exige vocação e sacrifício. Mas tem suas alegrias também".


Folha de São Paulo - caderno Ilustrada/2005.

segunda-feira, janeiro 08, 2007

HABITASUL REVELAÇÃO LITERÁRIA




No dia 06 de janeiro deste início de 2007 (1982, segundo o calendário mítico) foi lançada no nobre e magnífico hotel Laje de Pedra, em Canela, a 7 antologia do Habitasul Revelação Literária na Feira do Livro. Após a entrega do prêmio aos autores premiados presentes na antologia, foi oferecido um delicioso coquetel, a base de sushi, vinho, e outras mumunhas mais. O poeta Diego Petrarca, que também participou como destaque na categoria In-Versus (poesia) no ano de 2005, estava lá novamente, agora com o poema Cabelos Molhados (pág. 53).

O prêmio Habitasul é um dos mais constantes em premiar a literatura do nosso estado. Na verdade esse é o único prêmio já tradicional das novas letras em Porto Alegre, fomentando a nova geração de escritores por aqui.

Estavam presentes, entre outras personalidades literárias, Fabrício Carpinejar, Ricardo Silvestrin, Caio Ritter, Marcelo Noah, Sérgio Naap, e todos os vencedores das categorias: Lero PQ quero (texto coletivo pela internet), Eu conto.com (contos), In- Versus (poesia), Dando a Letra (autores infantis), Palavra de Autor (obra já publicada de autor), e a novidade Eu conto.com/Alguém (literatura e outros suportes).

A edição do livro saiu com 5 mil exemplares distribuídos durante o lançamento, no Hotel Laje de Pedra, em canela, as 21:00 horas. Como é de praxe, na próxima Feira do Livro, um grupo de teatro selecionado ficará encarregado de montar uma peça com os textos da antologia lançada, no projeto também genial chamado Palcohabitasul

Um beijo especial a Elisandra Borges, uma doçura de pessoa e competência. Coordenadora de eventos da Habitasul.


Os poetas sobem ao palco