quarta-feira, novembro 23, 2005

CAIO F.



A editora Agir acaba de lançar uma antologia do escritor gaúcho Caio Fernando Abreu, Caio 3D o Essencial da década de 1980. Antes desse, a mesma coleção lançou o Essencial da década de 70, reunindo os melhores contos de Caio desde seu primeiro livro, Inventário do Irremediável, escrito no fim dos anos 60, passando pelo O Ovo Apunhalado, de 1975, Pedras de Calcutá, de 1977, além de um conto inédito lançado numa antologia de 1976. O Essencial da década de 80, reúne os contos de Morangos Mofados, de 1982, Os Dragões não conhecem o paraíso, de 1988, além de escritos inéditos, cartas, poemas. Caio ainda lançou em 1983 três novelas, Triângulo das Águas, sobre os signos de água, um belo e poético trabalho. Reunir o melhor de Caio, se é que existe esse melhor, afinal em Caio F. tudo é o melhor - mas não o melhor de si, porque o melhor de si era ele mesmo - é uma forma de reafirmar a importância desse autor de estilo definido, lírico, violento, que expressou como poucos a atmosfera das cidades urbanas, do sentimento e das relações humanas entre a paranóia das metrópoles, assim como os anseios da sua geração. Reler Caio é purificar-se de tudo. Caio escreveu teatro, crônicas (Pequenas Epifanias) e resenhas de livros muitos. E epifania é a palavra ideal para traduizr o que a leitura de seus textos nos instauram, são revelações divinas da essência do humano. Cada leitura de Caio é conhecer Caio. Para mim foi a descoberta de um grande escritor que percorreu minha adolescência, e percorre. E percorrerá. Na feira do livro de 1995 pude vê-lo de perto, trocar poucas palavras e autografar dois livros. Queria muito mais. Caio é o escritor-chave da minha formação. Natural que seja assim. E é o anjo que eu rezo toda vez que vou escrever alguma coisa.