quarta-feira, novembro 23, 2005

PARALELAS


Alice Ruiz e a cantora Alzira Espíndola se juntaram para lançar o disco que junta e anuncia uma nova parceria dessas duas mulheres. Para Alice, poeta e haicaísta, não é novidade tansformar seus poemas em canções. Arnaldo Antunes e Itamar Assunção, por exemplo, já musicaram alguns de deus poemas. Um de seus livros de poesia chama-se Poesia para Tocar no rádio, isto é, a relação da autora com a música barsileira não é de agora, ela própria pertence a uma geração de poetas, como Paulo Leminski, com quem foi casada, que viu a poesia migrar das páginas livrescas para as canções, para as massas, para a publicidade e afins. Alice construiu isso também. Paralelas é um acerto poético/sonoro. O disco, independente, outro mérito, foi lançado pelo selo de Zelia Duncan, que participa do disco com Arnaldo Antunes. Pude assistir uma apresentação delas, no lançamento do cd, na Feira do Livro, que contou com a participação luxuosa de Estrela Leminski, filha de Alice e Paulo Leminski, na percussão. As canções são intercaladas com a leitura de alice dos poemas, uma espetáculo que me emocionou, por razões tantas, sobretudo por poder rever Alice e Estrela ali, juntas, perto de mim, falando comigo, é um pouco como se Leminski estivesse ali por perto, nos observando. Sai dali extasiado e certo de que a poesia cresce e permanece em mim, o que me segura. Alice Ruiz e Alzira Espíndola em

Paralelas:


Amor que se dedica
amor que não se explica
até quando se vai
parece que ainda fica
olhando você sair
sabendo que vai cair
deixar que saia
deixar que caia
por mais que vá sofrer

é o jeito de aprender
e o teu caminho só você vai percorrer
se você vence, eu venço
se você perde, eu perco
e nada posso fazer
só deixar você viver