sábado, junho 27, 2009

SHOW DE CAETANO





Na última quinta-feira, 25 de junho, Caetano Veloso apresentou em Porto Alegre o show Ziie e Zie, numa única apresentação no teatro do Sesi. Fui acompanhado de Andréia Laimer (ao lado comigo e Caetano na foto abaixo), depois fomos dar uns beijos e abraços em Caetano no camarim.

O show foi basicamente o repertório do novo disco lançado em abril. Das antigas, Caetano relembrou as pérolas tropicalistas: A voz do morto Não identificado (momento em que algumas lágrimas me caíram). Eu sou neguinha Trem das cores estavam na lista de canções e foram momentos altos do show.



 No camarim, antes de encontrar Caetano, falamos com o baterista da banda, Ricardo Dias Gomes, que nos contou um pouco da turnê que vai seguir algumas cidades brasileiras.

No bis, Força estranha (mais lágrimas em mim). No meio do show Caetano não poderia de mencionar a partida de Michael Jackson, poucas horas antes de show o mundo ficou sabendo dessa e Caetano, em momento voz e violão, logo após cantar Aquele frevo axé, composta originalmente para Gal Costa, dedilhou algumas palavras da canção Bilie Jean, em referência ao astro pop, que ele gravou em 1986.
Como sempre, um show de Caetano são momentos de catarse pura e alegre: sobretudo na companhia de pessoas amadas. Bom poder contar com umas palavras e uns abraços depois de um ídolo que irá perdurar em mim por zil anos. Desde a minha formação até o fim de minhas coisas no mundo, muito inclui Caetano. Sem exageros.

A canção Lapa, do disco novo, que já era uma bela gravação no cd, ganhou força ao vivo a meus olhos e ouvidos.

Um show que se ouve com o coração e se lê com os ouvidos.

















sábado, junho 13, 2009

ANTOLOGIA O MELHOR DA FESTA




Antologia O Melhor da Festa, lançada durante a segunda edição do FestiPoa, abril de 2009, reúne a produção literária desse evento que já está sendo um marco da vida cultural da cidade de Porto Alegre, em nome da literatura. O responsável, Fernando Ramos, lançou os frutos disso já em 2008, no mês de março, e com certeza essa movimentação irá perdurar anualmente no calendário literário da nossa cidade. As atividades foram postadas aqui, em 15 de abril. Poetas, escritores, artistas plásticos, agitaram o evento durante 3 dias. A antologia registra a produção de alguns autores que estavam no evento.

Diego Petrarca está na página 25, com um poema da série Cidade Cidades.

sábado, maio 30, 2009

ESPAÇOS

O poema Educação para os Espaços foi republicado no dia 30 de maio em ZH. Confiram as duas versões lado a lado.


quarta-feira, abril 22, 2009

CIDADE POEMA






Cidade Poema é um projeto realizado pela Atena Produções, concebido por Laís Chaffe, ao longo dos próximos dez meses, serão cem outdoors e cem busdoors com poemas pela cidade. Adesivos em livrarias e vitrines, versos em bolachas de cerveja e uma série de mini-metragens poéticos são outras iniciativas já confirmadas para 2009. Berenice Sica Lamas, Diego Petrarca, Edson Cruz, Fabrício Carpinejar, Jaime Vaz Brasil, Laís Chaffe, Lau Siqueira, Ricardo Silvestrin e Susana Vernieri estão nos busdoors desta primeira etapa do Cidade Poema.

Acima os 2 poemas de Diego Petrarca que integram o projeto.

O lançamento oficial ocorre durante a FestiPoa Literária (22 a 25 de abril) – um dos vários parceiros do projeto idealizado por Laís Chaffe, jornalista à frente da Atena. A partir da quinta-feira, 23 de abril, quem for tomar uma cerveja n`A Toca da Coruja, onde estão previstas outras atividades da FestiPoa, poderá conferir bolachas com poemas de quatro autores e ilustrações de Augusto Franke Bier.

"O porto-alegrense que sair às ruas a partir de hoje (16 de abril) vai encontrar uma cidade um pouco mais poética: na noite de quarta-feira, começaram a ser colocados os primeiros de um total de 25 outdoors com um poema de Celso Gutfreind e uma ilustração de Guilherme Moojen. A iniciativa faz parte do projeto Cidade Poema, a ser lançado oficialmente na próxima semana, quando outros 15 poemas de nove autores, acompanhados por fotografias de Fernanda Bigio Davoglio, passam a circular em 30 busdoors (adesivos na parte de trás de ônibus). O objetivo é trazer a poesia para a vida cotidiana do porto-alegrense, inclusive do público menos familiarizado com a fruição e criação poética".

segunda-feira, abril 20, 2009

ZII E ZIE




Caetano Veloso lança novo disco. Das 13 canções, 11 inéditas. O último disco de 2006 , de certa forma, conduziu a produção deste último, que leva nome italiano numa tentativa de Caetano mencionar São Paulo, uma vez que as letras de Zii e Zie descrevem paisagens cariocas. Ou apenas uma desculpa pro título soar com a devida estranheza que o novo disco sugere. Com certeza o novo disco está mais experimental, Caetano quis introduzir ao samba levadas de rock, como se em vez de cavaquinho fossem as guitarras que dessem a régua e o compasso para o desenho das canções. Não é um disco que cativa na primeira audição, ruídos de guitarra, letras de uma poesia que exige uma releitura fora da canção, alguma faixas Caetano muda a voz, talvez com a intenção de intensificar a estranheza sugerida no disco.

Ao longo de 2008, Caetano fez as canções desse novo disco, aprsentando no show Obra em Progresso ao mesmo tempo em que mantinha um blog explicando o processo de composição do disco lançado este ano, mais armado ao longo do ano passado. As canções eram postadas em videos no blog, o que dava uma ideia de como o disco seria. A capa remete a um disco de rock dos anos setenta, algo obscuro que esconde nas cores neutras uma paisagem bonita.

Algumas canções se destacam, soam inclusive simpáticas no meio de tanta estranheza sonora: Sem cais, Falso Leblon (cantada sem esforço porém com resultado lindo) e Diferentemente (já cantada em shows do NortNoites do Norte, de 2001) são as melhores do disco. As facilidades pop como Tarado Ni Você e A Cor Amarela, mais fortes no som que em letra, sugere a intenção Samba di disco. A faixa de abertura, Perdeu, é a mais ousada em termos de construção, uma letra quebradiça com rock derramado nas guitarras, a peça mais exigente em tremos de audição/recepção e, não por acaso, é a faixa que apresenta o disco.

As regravações ressaltam o conceito Samda do disco, dois sambas característicos impressos em forma pop/rock, as releituras ideias de caetano para essa mescla Samba Rock. A única peça em que o cantor toca a política é A Base de Guantánamo, que é basicamente uma frase repetida com vocal sombrio.

Lobão Tem Razão e Por Quem (Caetano com agudo uivando a faixa mais lírica do disco), são canções que mostram uma nova fase na poesia de Veloso. Lapa e Menina da Ria, exemplificam a paisagem do Rio de Janeiro sem deslumbramentos que permeiam o disco.

Caetano Veloso, ao longo de seus 65 anos, e mais de quarenta de carreira, pode lançar o que quiser e como quiser, acredito que ele deva ter essa consciência, e é prazeroso ver essa liberdade num disco que não tem comprometimentos de mercado nem de modismos nem ondas do momento, é o que deu vontade de fazer concebido da forma que lhe foi a mais propícia. Essa atitude é coerente com a trajetória artística de Caetano, a estranheza que convence e cativa a medida que se vai lendoouvindo.

quarta-feira, abril 15, 2009

FSTIPOA LITERÁRIA





Abaixo a programação completa do Segundo Festipoa Literária. Diego Petrarca estará num debate sobre o filme Pan-Cinema Permanente e, que retrata a trajetória do poeta Wally Salomão, também numa mostra sobre poesia visual,junto com Jorge Bucksdricker, além de umas leituras, junto com Lorenzo Ribas e o Grupo Trilho.

A Antologia poética, O melhor da Festa, vai sair também durante a programação do evento e Diego Petrarca colabora com um poema da série Cidade Cidades Programação

DIA 22/04- QUARTA-FEIRA (ABERTURA)

LETRAS & CIA

17h30 LUIS FERNANDO VERISSIMO (escritor homenageado) conversa com REGINALDO PUJOL FILHO, LEONARDO MARONA e FABRÍCIO CARPINEJAR sobre humor, poesia e crônica

19h SESSÃO DE AUTÓGRAFOS – Lançamento da antologia, “O melhor da festa”, com os autores que participam da antologia


IN SANO PUB

19h30 Verbalada Portátil vol. 3 e Cabaré do Verbo Pocket (Adriano Pessoa, Projeto Floco, Núbia Quintana, Sandro Marques e Telma Scherer)

Shows com as bandas 2x4 e Sexteto Blazz

22h Convidados da FestiPoa e do Cabaré do Verbo Pocket participam da “Maratona Literária” (Centro Municipal de Cultura)*


DIA 23 – QUINTA-FEIRA

PALAVRARIA

16h “O fim do livro?” MARCELO SPALDING conversa com CÁSSIO PANTALEONI, RUBEM PENZ e PAULO TEDESCO

17h30 “Muito prazer: Proesia” LAÍS CHAFFE, RODRIGO ROSP, TELMA SCHERER e RAFAEL JACÓBSEN conversam sobre poesia e prosa erótica

19h “Construção das Canções (Letra & Música)” CLAUDIO LEVITAN conversa com NELSON COELHO DE CASTRO e ARTHUR DE FARIA


A TOCA DA CORUJA

19h Lançamento de “Minicontos e muito menos” (de Laís Chaffe e Marcelo Spalding, ed. Casa Verde, 2009) e exposição de ilustrações criadas para o livro por Alexandre Oliveira, Bier e Guilherme Moojen

DIA 24 – SEXTA-FEIRA

LETRAS & CIA

16h “O prazer do poema” ANA MARIANO, SIDNEI SCHNEIDER, MARIA REZENDE e LUIS PIMENTEL falam sobre poesia e o prazer da escrita e da leitura de poesia

Após, lançamento dos livros “O grande homem mais ou menos” (Luis Pimentel) e “Bendita Palavra” (Maria Rezende), “Pequenas biografias não autorizadas” (Leonardo Marona) e “Ensaios radioativos” (Márcio-André)


ESPAÇO CULTURAL CASA DOS BANCÁRIOS (Auditórios 2 e 3)

Das 13 às 18h - Mostra de Poesia visual

17h “Poesia visual contemporânea: dilemas e delitos” debate com os poetas JORGE BUCKSDRICKER e DIEGO PETRARCA


CINEBANCÁRIOS

18h30 “A poesia de WALY SALOMÃO” Bate-papo e leituras de poemas de WALY SALOMÃO, com DIEGO PETRARCA, RICARDO SILVESTRIN e JOSÉ ANTONIO SILVA

Após, exibição de “Pan-Cinema Permanente” (documentário sobre Waly Salomão)

LETRAS & CIA

18h30 “Desamparos sociais e individuais e a importância da literatura na sociedade contemporânea” ALTAIR MARTINS, ÍTALO OGLIARI, LUIS AUGUSTO FISCHER, MÁRCIA IVANA LIMA E SILVA e LEANDRO DÓRO (mediação)

19h30 “Conto – a arte da brevessência” OLAVO AMARAL, MONIQUE REVILLION, JOSÉ ANTONIO SILVA e CAROL TEIXEIRA (mediação)

SINTRAJUFE

20h Verbalada Portátil Vol.4 (Maria Rezende, Ítalo Ogliari, Sandro Dornelles, Sidnei Schneider e Leandro Dóro), Cabaré do Verbo Pocket (Grupo Trilho, Diego Petrarca e Lorenzo Ribas) e show com a banda os PoETs.

DIA 25 – SÁBADO

LETRAS & CIA

10h “A poesia da canção: poema e letra de música infanto-juvenis” - Debate com GLÁUCIA DE SOUZA, JORGE HERRMANN, CLAUDIO LEVITAN e CAIO RITER (mediador)


INSTITUTO CULTURAL BRASILEIRO NORTE-AMERICANO (MAP CAFÉ)

14h30 “Poesia na escola” debate com LUIS PIMENTEL, MÁRCIO-ANDRÉ e LUIZ HORÁCIO.

15h30 Espetáculo de poesia com o Grupo Rumor (coordenação: TELMA SCHERER)

PALAVRARIA

19h “Contestado – o poder da fé” - debate com WALMOR SANTOS, VOLNYR SANTOS e CARLOS ANDRÉ MOREIRA


OCIDENTE - OX

18h FESTA DE ENCERRAMENTO (FESTIPOA LITERÁRIA + CORREDOR CULTURAL)

domingo, fevereiro 08, 2009

PASTA ROSA





Eis que chega às livrarias do Brasil o livro Antigos e Soltos, a chamada Pasta Rosa de Ana Cristina Cesar. Trata-se daquilo que a poeta carioca deixou de publicar em livro, suas sobras de gaveta.

Além disso o material é um super documento do modo de produção de Ana C., fragmentada, rabiscada, reescrita, manuscrita. Interessante é que o projeto gráfico respeita os originais datilografados e escritos a mão pelo fato de estarem facsimilados com uma nitidez incrível. Vejo o livro como um grande álbum, um livro de arte literária, da genética de um texto, de um poema, no ato primeiro de sua criação.

A força expressiva está no reconhecimento da matriz do texto, o gesto quase físico de escrever na máquina, de escrever a mão. O texto final aparece ao lado, para o leitor poder sentir a peça literária ali presente, mas mais do que isso é a sensação de ver o texto-poema concebido quase cruamente aos olhos do leitor. O que estava no fundo da gaveta inacabado, disforme, desmontado, agora é peça estética.

Ana Cristina Cesar reaparece com esse peso escrito manuscrito, nos devolvendo a sua grande força poética que reconhecemos em seus livros. Muitos inéditos, muitos poemas possíveis, que se encerram no seu processo criativo.

A Pasta Rosa é o dossiê Ana C.
Em gesto
em cheiro
em escritura
em rabisco:

em poesia

MESTRADO

No dia 22 de janeiro de 2009, as 18:30, numa quinta-feira (nasci também nesse dia da semana)defendi minha tese de Mestrado na PUCRS. Estava um dia lindo. O título da dissertação era A Escrita da Cidade na Poesia Moderna. O trabalho foi dividido em parte teórica e parte criativa, onde estava inserido o meu livro de poemas Cidade Cidades. O eixo em que estou inserido permitia que, no corpo da dissertação, estivesse incluído um texto literário. A defesa durou cerca de 2 horas. Estavam presentes, além de pessoas da minha família, alguns amigos e colegas: talvez umas 15 pessoas, um pouco mais, um pouco menos. Evidentemente que nos primeiros minutos de apresentação fiquei meio tenso, mas logo passou, depois de alguns longos goles de água. No decorrer da apresentação expliquei meu processo de montar o texto, os capítulos, os livros utilizados, a teoria aplicada.

Do mesmo modo, falei sobre a ideia do livro que preparei especialmente para compor a dissertação. A banca foi composta por Ana Mello (minha orientadora), Antonio Sanseverino (que convidei para a mesa) e Luiz Antonio de Assis Brasil (responsável pela inserção do eixo escrita criativa no mestrado). Alguns reparos foram feitos a respeito do texto, não foram poucos. Alguns aceitos sem a chance de qualquer questionamento, outros até contornáveis. Mas a banca concentrou mais os comentários na parte teórica que na parte criativa, o que, penso eu, estava mais "acabada" do que a parte teórica. Gostei dos acertos da obra, reconheci os erros do texto teórico, alguns inclusive primários, gravemente primários. No entanto, a forma que os componentes da banca usaram para argumentar essas coisas me foi uma gentileza sem igual. Tanto Sanseverino quanto Assis Brasil, apontaram todos os absurdos que cometi na parte teórica com a máxima generosidade. Repito sempre: essa banca não poderia ser melhor.No mais, sai de lá Mestre em Literatura defendendo uma obra poética. De março de 2007 a dezembro de 2008, uma fase importante e feliz da minha vida e formação. Sai de lá alegre, embora os meus professores-exemplos talvez ficassem insatisfeitos (minha impressão) com alguma coisa do meu trabalho. Devem ter razão, ao menos em parte.



















Dia 22 de janeiro de 2009, dia pra ser marcado no calendário. Agradeço e agradeço. Poesia pra ser defendida e escrita como tese de mestrado. Evoé aos mestres! E, sobretudo, aos aprendizes.

Depois, na minha casa, alguns grandes amigos presentes na defesa foram comigo brindar o dia. Não poderia faltar champagne, muitas conversas, leitura de poemas e uns discursos emocionados. Além do pessoal da minha família estavam presentes Gabriela Cavalheiro, Marcelo Noah, Adriano Migliavaccia, Diego Nunes, Andréia Laimer (que me presenteou com a Pasta Rosa de Ana C., maravilha desse meu amor, desses meus amores poéticos),estavam todos alegres e jovens. Assim como eu. Claro que faltaram alguns amigos fundamentais na minha formação e vivência literária: Lorenzo Ribas (que estava viajando) e Telma Scherer(de férias na praia). Carla Laidens, por estar em Londres, também não compareceu, mas com certeza sua presença me foi nítida a todo momento durante a festinha no apartamento da avenida Ganzo. Eis aqui alguns registros do dia.

Que 2009 seja ainda mais belo!

terça-feira, dezembro 23, 2008

LETRÔNICA




A Revista Letrônica, do curso de Pós-Graduação em Letras da PUCRS, já está no ar:
Confiram na seção Criação, o poema de Diego Petrarca da série sobre cidades.

http://revistaseletronicas.pucrs.br


sexta-feira, dezembro 19, 2008

SARAU 68 - AS FOTOS

No dia 03 de novembro de 2008, as 20:00 horas, o grupo Teia de Poesia realizou o Sarau sobre o ano de 1968, considerando que este 2008 de agora celebra os 40 anos daquele ano de chumbo, que ainda não terminou.

Poemas de Allan Ginsberg, Chacal, Ferreira Gullar, Roberto Piva, Francisco Alvim e Wally Salomão foram lidos. Junto com o grupo, a banda A Moda da Casa acompanhou o sarau com as canções emblemáticas do Tropicalismo e Chico Buarque. O tão polêmico discurso de Caetano durante a apresentação da canção É Proibido Proibir foi declamado, não poderia faltar esse registro.

As fotos foram tiradas por Eva Benites.







domingo, dezembro 07, 2008

DVD DOCES BÁRBAROS 2008




Finalmente foi lançado em DVD o show da turnê que Caetano, Gil, Gal e Bethânia fizeram em 1976, entre junho e outubro daquele ano. Doces Bárbaros reunia a trupe tropicalista para celebrar de Pé quente e Cabeça fria todas as cores dos anos 70. Na época o show foi lançado em disco duplo e marcava uma fase importante da história musical dos baianos. Na verdade, o show aconteceu para celebrar os 10 anos de carreira dos quatro artistas.

Agora está disponível em DVD, o show, as cores, as imagens, as canções e performances dos quatro baianos no palco. Não poderia faltar o tal ocorrido com Gil em Florianópolis, onde o compositor teve que ficar por volta de um mês internado por porte de maconha, uma das pérolas do DVD é justamente o episódio onde Gil aparece sendo julgado. Além do mais, as canções lindas de uma fase rica e colorida dos baianos pós tropicalistas, uma marca nítida dos anos 70.

Vale a pena ver e ouvir, Alto astral, altas transas, lindas canções.

quarta-feira, novembro 19, 2008

OFICINA NA FEIRA DO LIVRO




Durante a 54 Feira do Livro de Porto AlegreDiego Petrarca ministrou a oficina O Texto Criativo, na sala o Retrato do CCEV. Nos dias 07 e 08 de novembro, os alunos foram estimulados na elaboração criativa de um texto, independente de prosa ou poesia, a turma estava cheia e lotou a sala. O grupo era bastante participativo e interessado.

quarta-feira, outubro 29, 2008

25 ANOS SEM ANA CRISTINA CESAR







29 de outubro de 1983,
29 de outubro de 2008,
Ana Cristina Cesar



Samba-canção

Tantos poemas que perdi.
Tantos que ouvi, de graça,
pelo telefone – taí,,
eu fiz tudo pra você gostar,
fui mulher vulgar,
meia-bruxa, meia-fera,
risinho modernista
arranhando na garganta,
malandra, bicha,
bem viada, vândala,
talvez maquiavélica,
e um dia emburrei-me,
vali-me de mesuras
(era comércio, avara,
embora um pouco burra,
porque inteligente me punha
logo rubra, ou ao contrário, cara
pálida que desconhece
o próprio cor-de-rosa,
e tantas fiz, talvez
querendo a glória, a outra
cena à luz de spots,
talvez apenas teu carinho,
mas tantas, tantas fiz...

terça-feira, setembro 16, 2008

BREVÍSSIMOS

Uma das formas breves de poesia mais conhecidas é o haicai, poema de três versos, que funciona como uma fotografia de determinado instante, ou seja, a iluminação da percepção do olhar sobre determinado acontecimento. Sua origem promovida inicialmente por imigrantes ou descendentes de imigrantes japoneses, como H. MasudaGoga e Teruko Oda. Essa corrente define haikai como um poema escrito em linguagem simples, sem rima, três versos que somam dezessete sílabas poéticas (cinco sílabas no primeiro verso, sete no segundo e cinco no terceiro). Além disso, o haikai tradicional deve conter sempre uma referência à estação do ano, expressa por uma palavra (o chamado kigo = palavra de estação.

No Brasil, Paulo Leminski e Alice Ruiz, assim como Millôr Fernandes, entre outros, ajudaram a popularizar essa forma breve de poesia, adaptando-a a outros formatos como por exemplo sem o foco na natureza nem com o rigor métrico de dezessete sílabas. De certa forma, o haicai ganhou uma roupagem pop, pela brevidade, pelo instântaneo e pela linguagem simples, direta.

Porém, outras formas breves de poesia existem: o epigrama, por exemplo, ou o Tanga, que dizem ser anterior ao haicai e é basicamente a estrutura de um haicai com a adição de mais dois versos que de certo modo fecham a idéia do poema. A poesia tende a ser breve, é reconhecidamente o mais breve dos gêneros literários por condensar significados, dizer muito com pouco, zelar pela síntese para garantir a força expressiva que a caracteriza. Num poema é sempre bom que não sobre nada, ou seja, toda palavra, todo verso, deve ter uma função. Por isso a brevidade é básica num poema.

Existem poemas discurssivos, longos, de várias páginas, mas normalmente a forma breve aindaé a mais usada na construção de um poema. O soneto, por exemplo, um dos modelos mais clássicos de poesia, não passa de 14 versos.

Mas sejamos ainda mais breves. Sejamos brevíssimos. Por isso comecei com o haicai. Mário Quintana era mestre noutra prática poética breve, o epigrama, basicamente formado por uma frase, um só verso, normalmente com um tom de humor, por vezes reflexivo, mas sempre fechando uma idéia pronta. Quantos romances se passam na aproximação entre uma ou duas palavras, o quanto de conteúdo e carga semântica está concentrado num texto de poucas palavras. A poesia naturalmente já é assim, criando outras possibilidades de som e sentido na dança entre as palavras.

Pode-se pensar o texto breve (e para isso não apenas a poesia existe, mas o miniconto, o microconto) - pois o conto é a forma breve da prosa e está cada vez mais enxugado, por vezes até beirando o poema - como uma forma do texto escrito comunicar mais, dizer mais, sermais lido, justamente por ser breve: leitura imediata. O escritor obriga-se a formular muito em poucas letras, organizar o pensamento num formato conciso, e mesmo que tudo não possa ser dito e nem mesmo possa caber nessa forma breve, ele deixará margens para interpretação. E isso funciona muito bem literariamente.

O texto publicitário é mais ou menos assim, transmite uma mensagem em poucas linhas,mesmo que a intenção não seja a poesia nem a literatura, o exercício de linguagem é o mesmo, o pouco dizendo algo. A poesia concreta zelava pela brevidade a ponto de resumir um poema numa só letra, transformar o verbo em imagem, concentrar o máximo de significado até explodir a linguagem em desenho, extrapolando a múltipla possibilidade de sentido que pode haver numa palavra.

Sejamos breves e profundos, breves e amplos, breves e abertos para toda e qualquer possibilidade discurssiva que se acomode em três ou menos versos. Daltro Trevisan é um exemplo da prosa breve e merece essa referência. Assim como os haicais de Leminski e Alice Ruiz, Millôr Fernandes, os epigramas de Quintana, e mesmo outras formas breves desenvolvidas por Leminski que não são haicais, mas pequenos formatos.

Na poesia moderna, no Brasil, inúmeros autores produziram em suas obras a forma breve, desde Oswald de Andrade (onde o modernismo inaugurou o poema-piada, o aforismo), Drummond, Manuel Bandeira e seus poemas da série "Poemas Onomásticos". Os poetas dos anos steenta, ligados aos modernistas, também resgataram a forma breve: Chacal, Ana C, entre outros autores.

Como nos ensinou Ezra Pound, breves e profundos.



primeiro frio do ano
fui feliz
se não me engano

Paulo Leminski
*

fim do dia
porta aberta
o sapo espia

Alice Ruiz
*

Ah, mosca de inverno
- questão de dia ou de hora
seu último instante?

Masuda Goga
*

outro outono
no chão entre as folhas
sonhos do verão

Ricardo Silvestrin
*

A maior dor do vento é não ser colorido

Mário Quintana
*

Amor
Humor

Oswald de Andrade
*

Vai ter uma festa que eu vou dançar
até o sapato pedir pra parar
aí eu paro, tiro o sapato
e danço a noite toda

Chacal

terça-feira, setembro 09, 2008

ENTREVISTA NA LÍNGUA GERAL


O site da editora Língua Geral publicou o texto e a entrevista que fiz com o poeta Nicolas Behr, sobre sua produção poética e a publicação do livro Laranja Seleta.
É só clicar no link abaixo.

http://www.linguageral.com.br/site/imprensa.asp?imprensaid=42

segunda-feira, setembro 01, 2008

SITE DO JORNAL VAIA



O site do Jornal Vaia - http://www.artistasgauchos.com.br/vaia/, publicou a crônica Depois das Seis, de Diego Petrarca, em uma de suas colunas Muitas Vozes. Confira lá. O jornal Vaia também é impresso. Além de Diego, outros belos autores escrevem por lá. Vale ler e deliciar-se.

Abaixo, um trecho da crônica.

"- Olha, eu talvez esteja me repetindo, mas minha intenção é que você saiba de tudo isso que eu já senti. É, por que agora não sinto mais nada além dessa vontade de dizer essas coisas e todo esse discurso palavroso. Não queria que você me visse mais nem me ligasse tarde da noite chorando pra jogar conversa fora ou pra tentar me convencer de alguma coisa que você não pode garantir. Não me peça pra entender. Já me sinto acostumado, e de certa forma isso me deixa mais forte. Se você está confusa, tudo bem, só te peço que não me confunda com essa sua indecisão sobre si mesma. Eu queria que fosse diferente, que a gente pudesse levar adiante essa história mesmo com toda a culpa que você disse sentir sobre mim ou mesmo com a quantidade de coisas que temos de diferentes um do outro. Eu queria que você fosse menos insegura. Eu queria que você gostasse mais de mim a ponto de não ter que inventar problemas que você insiste em cultivar. Realmente não entendo a razão disso. Você entende pelo menos? Pode me dizer agora por quê?"

O resto está aqui: http://www.artistasgauchos.com.br/vaia/?apid=421&tipo=16

sexta-feira, agosto 22, 2008

DEIXA SEGUIR

.
Deixar Seguir saiu dia 22 de agosto de 2008 na ZH. Obs: Poemas de am/or serão sempre necessários.




sexta-feira, agosto 08, 2008

TURMA DA OFICINA





Essa foto sou eu com a turma da oficina de poesia que ministrei entre 16 de junho e 01 de agosto deste ano de 2008. A idéia partiu da Secretaria Municipal daCultura de Porto Alegre, dentro do projeto Histórias de Trabalho. O objetivo do curso era trabalhar poemas com a temática do trabalho para as inscrições no concurso. E assim fizemos.

Para mim foi uma alegria profunda poder conviver com pessoas tão interessadas em poesia, tão simpáticas ao meu processo de mostrar a poesia, tão receptivas aos meus argumentos e tão sensacionais no desenvolvimento dos exercícios dados por mim. Um professor não faz uma turma, mas a turma é quem determina a qualidade das aulas.

E foi assim desde o início, desde a primeira aula até as duas aulas extras que decidirmos fazer, afinal estávamos empenhados no projeto de ler/escrever poemas, ao mesmo tempo em que eu pude acompanhar o crescimento de cada um deles assim como me pegar surpreso pelas coisas que lia de cada aluno.

Com certeza, uma das minhas alegrias desse ano de 2008. Se a poesia pode ser compartilhada, se a troca de idéias existe gerando prazer e produção, a prova disso é poder estar ministrando uma turma assim, atentas e sedentas pelo uso da palvara em estado poesia.

Agradeço a eles, por causa dessas aulas muito das minhas crenças e ideais ganharam transcedndência, espero poder encontrá-los em outros momentos. Cultivo fundo esses nossos momentos nesses meses, belas tardes de segundas e sextas, essa turma fez jus ao nome POESIA, assim mesmo, em maiúsculo.

Da esquerda para direita partindo da foto:

Um beijo a Nely (sua palavra espontânea e viva) a Roselaine (poemas sensíveis na medida certa) a Tânia (a metáfora mais genial que vi do vermelho e branco) ao André (verborrgia crítica no mais alto nível) a Conceição (e seus poemas colados a canção) a Maria Helena (sua solda, sua concisão sábia e latente) a Zaira (sua linguagem sofisticada onde reside a poesia por excelência) ao João (poeta do tango e das frases enxutas) a Marisa (seu texto tem marcas reais) ao Gerson (das metáforas esportivas a sua linguagem trabalhada, as duas pontas do seu brilho) a Maira (e suas frases simples mas doces e ternas, o mais decididamente emotivo) a Delma (compositora no verso e na capacidade de compor os sons de cada sílaba) ao Paulo (e sua rara captação do poético encravado no cotidiano: "a lei dos homens do colo"). E ainda a Nety e Izabel, que não estavam no dia da foto: duas presenças fortes e com vozes poéticas próprias.

Fiquei muito satisfeito com as aulas, com a pessoas, com o que aprendi e pretendi ensinar, mas sobretudo, com o que aprendi.

Uma das formas que a poesia cresce e prevalece dentro aqui.


domingo, agosto 03, 2008

ENTREVISTA



O Jornal Vaia, publicou em seu site a entrevista que fiz com o poeta Nicolas Behr, assim como o texto sobre o autor do post anterior. Acima, um texto do poeta sobre a Geração Mimeógrafo, de 1979. (clique sobre a imagem para melhor leitura)



domingo, julho 20, 2008

NICOLAS BEHR





Se eu tivesse que dizer como gostaria de ler ou escrever um poema nos dias de hoje, não hesitaria: Não adianta colocar o poema num carro alegórico. Todos vão ver o carro alegórico. Eu gosto do estilo claro, limpo, direto. Sem rodeios, às vezes até sem poesia. Mas essas palavras não são minhas, são de Nicolas Behr, poeta que lançou ano passado pela editora Língua Geral o livro Laranja Seleta, que reúne o mel do melhor da sua produção poética iniciada em 1978, com o livro mimeografado Iogurte com Farinha.

Laranja Seleta é o primeiro livro de Nicolas Behr que saiu por editora convencional, uma antologia que percorre toda sua poesia espalhada nos livros que Nicolas produziu de forma independente, por vezes mimeógrafo, livros artesanais, ou edições mais caprichadas em baixas tiragens. É possível, na leitura de Laranja Seleta, perceber o fôlego do poeta ao longo dessas últimas décadas. Sua produção vai longe e corresponde ao número de livros editados: entre 1977 e 2006 são cerca de vinte e poucos livros, sem contar as antologias que reuniram todos esses livros independentes num só, como Restos Mortais, de 1980, que reúne os livros Iogurte com farinha, Grande circular, Caroço de goiaba, Chá com porrada e Bagaço, lançados entre 1977 e 1979. Vinde a mim as palavrinhas, de 2005, reúne os livros Com a boca na botija, Perto do dia, Elevador de serviço, Põe sai nisso!, Entre quadras, Brasiléia desvairada, Saída de emergência, Kruh, 303F415, L2 noves fora W3, lançados entre 1979 e 1980.

Em Primeira Pessoa, 2005, a produção de Nicolas Behr nos anos noventa aparece em Porque construí Braxília, Beijo de hiena, Pelas lanchonetes dos casais felizes, Segredo secreto, Viver deveria bastar, este último de 2001. Dos livros mais recentes, estão Umbigo, Menino diamantino, Peregrino do estranho, Braxília revisitada e Introdução à dendrolatria, além de livros inéditos.

No prefácio de Laranja Seleta, Francisco Alvim aponta que a poesia de Nicolas está sempre em movimento, isto é, Nicolas é o poeta do sujeito que se move de um ponto em direção ao outro. Além disso, destaca-se também a despretensão da linguagem de Nicolas ao pensar a poesia também presente fora do poema. É desse modo que clareza e coloquialismo dispensam o poema hermético, rebuscado, que exige esforço e elaboração mental para a captação de uma imagem. Nicolas Behr consegue a instância do poético pela frase direta, tornando nítida a poesia daquela frase absurdamente fácil apenas por estar inserida num poema, isto é, o poema brilha também da constatação da simplicidade e não somente desse simples transformado forçosamente num efeito cerebral.

Essa maneira despojada de tratar a poesia está relacionada ao tempo em que Nicolas pensou e escreveu sua poesia. É perceptível o eco da literatura marginal dos anos setenta, de Chacal, Cacaso, do próprio Francisco Alvim, de Ana Cristina César e Wally Salomão. Todos esses que trazem de volta e mais escancarada a escrita aberta e despojada de Oswald de Andrade. Nicolas Behr é representante também desse modo de pensar a poesia via literatura marginal, embora o próprio brinque com isso no texto de abertura de Laranja Seleta: Poeta marginal? Eu, hein? Mas essa conquista de trazer a tona o coloquial e a clareza colaborando com da qualidade do discurso poético, são reconhecidamente méritos da geração anos 70 na qual Nicolas Behr transitou, firmando sua poesia.

Outra característica singular de Nicolas é a referência à cidade de Brasília, onde mora até hoje embora tenha nascido em Cuiabá, como algo constante em sua produção. Na poesia de Nicolas Behr Brasília é quase um signo, um ideal temático. Os livros Brasiléia desvairada, de1979, Porque construí Braxília, de 1993 são exemplos disso, a ponto de terem gerado a coletânea Poesília – Poesia Pau-Brasília, de 2002. A cidade de Brasília criou uma categoria na poesia de Nicolas e também na poesia brasileira contemporânea, afinal Nicolas inaugura uma abordagem consistente sobre a cidade fabricada e hoje a capital do País. Além de toda a simbologia que a cidade representa, Nicolas alegoriza do seu modo (na expressão Braxília, por exemplo) em sua maneira de se relacionar com a cidade pela ótica atual, desde a promessa de felicidade e a realidade que hoje Brasília apresenta.

Entre os inúmeros poemas tendo Brasília como tema nos aspectos urbanos, o seu desenho, a dureza da sua geometria e espacialização, está uma relação íntima do sujeito e a cidade:

Brasília é a incapacidade
do contato afetivo
entre a laje e o concreto

Ou ainda:

a cidade é isso mesmo
mesmo que você
não esteja vendo nada

A poesia de Nicolas Behr, agora reunida em Laranja Seleta, vem contentar os leitores que buscam uma poesia com a língua de hoje, no mínimo apontando um caminho de se dizer/escrever o poema desse tempo, sem perder a clareza e objetividade poética assim como a capacidade que um poema pode ter de comunicar mais que dificultar seu entendimento. É o próprio poeta Nicolas quem nos diz: Uma poesia fácil, me disseram. Na verdade, foi o maior elogio que já recebi.



*Esse texto está publicado no site abaixo, assim como uma entrevista com Nicolas Behr